Francisco celebrou no final da tarde deste domingo, 31, as Primeiras Vésperas da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, com o canto do Te Deum, em ação de graças pelo ano que passou
Da redação, com Vatican News
“O cristão, como Maria, é um peregrino de esperança”. Foi o que afirmou o Papa Francisco no final da tarde deste domingo, 31, na celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, com o canto do Te Deum, em ação de graças pelo ano que passou. Ao final, Francisco dirigiu-se à Praça São Pedro onde rezou diante do Presépio.
Em sua homilia, o Pontífice afirmou que a fé em Jesus Cristo, Deus encarnado, nascido da Virgem Maria, dá uma nova maneira de perceber o tempo e a vida. “Eu o resumiria em duas palavras: gratidão e esperança”, indicou. Segundo o Santo Padre, muitos podem dizer que na última noite do ano agradecem pelo ano que passou, mas, na realidade, esta gratidão e esperança podem ser mundanas. “Falta-lhes a dimensão essencial que é a da relação com o Outro e com os outros, com Deus e com os irmãos. Estão focados no eu, nos seus interesses e assim tem o fôlego curto, não vão além da satisfação e do otimismo”, observou.
Nesta Liturgia, que culmina com o grande hino Te Deum laudamus, o Papa afirmou que respira-se uma atmosfera completamente diferente: a do louvor, da admiração, da gratidão. E isto acontece não pela grandiosidade da Basílica, não pelas luzes e cantos, mas pelo Mistério que a antífona do primeiro salmo expressou: “Admirável intercâmbio! O Criador da humanidade assumindo corpo e alma, quis nascer de uma virgem; […] nos dou sua própria divindade.”
Gratidão aprendida com Maria
“A liturgia nos faz entrar nos sentimentos da Igreja; e a Igreja, por assim dizer, aprende-os com a Virgem Mãe. Pensemos em qual teria sido a gratidão no coração de Maria enquanto olhava para Jesus recém-nascido. É uma experiência que somente uma mãe pode fazer, e que, todavia, nela, na Mãe de Deus, tem uma profundidade única, incomparável”, indicou.
Francisco frisou que Maria sabe, ela sozinha junto com José, de onde Jesus. Mas está ali, respira, chora, tem necessidade de comer, de ser coberto, cuidado. O Mistério dá espaço à gratidão, disse o Pontífice, e isso aflora na contemplação do dom, na gratuidade, enquanto sufoca na ansiedade de ter e de aparecer.
Fé no Deus fiel às suas promessas
O Santo Padre destacou que a Igreja aprende a gratidão de Maria, assim como também aprende a esperança. “Poderíamos pensar que Deus a escolheu, Maria de Nazaré, porque no seu coração viu refletida a própria esperança. Aquela que Ele mesmo havia infundido nela com seu Espírito. Maria sempre foi repleta de amor, cheia de graça, e por isso é também cheia de confiança e de esperança”.
O sim de Maria e da Igreja não é otimismo, explicou o Papa, mas a fé no Deus fiel às suas promessas (cf. Lc 1,55). Esta fé, prosseguiu, assume a forma da esperança na dimensão do tempo, “em caminho”. O cristão, como Maria, é um peregrino de esperança, enfatizou Francisco. E precisamente este será o tema do Jubileu de 2025: “Peregrinos de Esperança”.
Jubileu de 2025
O Pontífice provocou então o seguinte questionamento: “Roma está se preparando para tornar-se no Ano Santo uma ‘cidade de esperança’?”. Ele lembra que a organização do Jubileu já está em curso há algum tempo, mas a grande questão é: “Estamos trabalhando, cada um no próprio âmbito, para que esta cidade seja um sinal de esperança para quem nela vive e para quem a visita?”.
Na sequência, o Santo Padre deu exemplos de situações que trazem esperança. “Entrar na Praça de São Pedro e ver que, no abraço da Colunata, circulam livre e serenamente pessoas de todas as nacionalidades, culturas e religiões, é uma experiência que traz esperança; mas é importante que seja confirmado por uma boa acolhida durante a visita à Basílica, bem como nos serviços de informação”.
“Outro exemplo: o fascínio do centro histórico de Roma é perene e universal; mas é preciso que também os idosos ou pessoas com alguma deficiência motora também possam desfrutá-lo; e é preciso que à “’grande beleza’ correspondam o simples decoro e a normal funcionalidade nos lugares e situações da vida ordinária, cotidiana. Porque uma cidade mais habitável para os seus cidadãos é também mais acolhedora para todos”, ressaltou.
Por fim, o Papa comentou que uma peregrinação, especialmente se for empenhativa, exige uma boa preparação. É por isso que Francisco indicou que o próximo ano, que antecede o Jubileu, será dedicado à oração. “E que melhor mestra poderíamos ter do que a nossa Santa Mãe? Coloquemo-nos na sua escola: aprendamos dela a viver cada dia, cada momento, cada ocupação com o olhar interior voltado para Jesus. alegrias e tristezas, satisfações e problemas. Tudo na presença e com a graça de Jesus, o Senhor. Tudo com gratidão e esperança”.