MENSAGEM DE PÁSCOA

Papa: só Jesus pode remover pedras que fecham caminho para a vida

Francisco refletiu sobre problemas enfrentados pelo mundo que “fecham as esperanças da humanidade” e concedeu bênção Urbi et Orbi aos fiéis

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco acena para fiéis reunidos na Praça São Pedro / Foto: Marco Iacobucci/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

“Hoje ressoa em todo o mundo o anúncio que partiu de Jerusalém há dois mil anos: ‘Jesus de Nazaré, o crucificado, ressuscitou!’ (cf. Mc 16,6)”.

Esta foi a saudação do Papa Francisco aos fiéis reunidos na Praça São Pedro neste domingo, 31. Nesta manhã, ele presidiu a celebração da Ressurreição do Senhor, apresentou sua mensagem de Páscoa e concedeu a bênção Urbi et Orbi à cidade de Roma e ao mundo inteiro.

Recordando o espanto das mulheres que foram ao túmulo de Jesus, fechado por uma grande rocha, o Pontífice citou as pedras que “fecham as esperanças da humanidade”, como as guerras, as crises humanitárias, as violações dos direitos humanos e o tráfico de pessoas.

Contudo, ao chegarem ao sepulcro, as mulheres se deparam com o túmulo aberto e vazio. “É aqui que tudo começa”, sinalizou o Santo Padre, “através desse túmulo vazio passa o novo caminho, o caminho que nenhum de nós, mas somente Deus, poderia abrir: o caminho da vida em meio à morte, o caminho da paz em meio à guerra, o caminho da reconciliação em meio ao ódio, o caminho da fraternidade em meio à inimizade”.

“Somente Jesus abre o caminho para um mundo renovado”

“Somente ele nos abre as portas da vida, aquelas portas que fechamos continuamente com as guerras que se alastram pelo mundo.”
– Papa Francisco

Francisco ressaltou que somente Jesus Ressuscitado é capaz de remover as pedras que fecham o caminho para a vida, expressando que o próprio Cristo, o Vivente, é o caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade. “Ele nos abre a passagem, algo humanamente impossível, porque somente Ele tira o pecado do mundo e perdoa os nossos pecados”, observou.

Sem o perdão de Deus, prosseguiu, tal pedra não pode ser removida e o homem não consegue sair do fechamento em si próprio, do preconceito, da suspeita e da presunção, que sempre levam a absolver-se e acusar os outros. “Somente o Cristo Ressuscitado, ao dar-nos o perdão dos pecados, abre o caminho para um mundo renovado”, frisou o Papa.

Apelo para que as guerras cessem

Diante disso, convidou todos a voltar o olhar para Jerusalém, “testemunha do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus”, e para todas as comunidades cristãs da Terra Santa. Pensando nas vítimas dos numerosos conflitos pelo mundo, a começar pelos que acontecem na Ucrânia, expressou:

“Que o Cristo Ressuscitado abra um caminho de paz para as populações atormentadas dessas regiões. Ao mesmo tempo que convido a que sejam respeitados os princípios do direito internacional, espero que haja uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia: todos por todos”.

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Além disso, o Pontífice retomou o apelo para que seja garantido o acesso da ajuda humanitária a Gaza, pela libertação dos reféns e por um cessar-fogo na região. “Não nos rendamos à lógica das armas e do rearmamento. A paz nunca é construída com armas, mas estendendo nossas mãos e abrindo nossos corações”, sublinhou.

Que a paz se estabeleça

Na sequência, o Santo Padre também recordou a Síria, o Líbano e a região dos Bálcãs Ocidentais. Ele manifestou esperar que “o Cristo Ressuscitado abra um caminho de esperança às pessoas que, em outras partes do mundo, sofrem com a violência, os conflitos, a insegurança alimentar e os efeitos das mudanças climáticas”, e “conceda conforto às vítimas de todas as formas de terrorismo”.

Papa Francisco saúda fiéis reunidos para receber a bênção Urbi et Orbi / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Prosseguindo, o Papa exortou orações pelos que perderam suas vidas e implorou “arrependimento e conversão para os autores de tais crimes”. Pediu ainda ao Senhor Ressuscitado que ajude o povo haitiano, que tanto sofrem com a violência em seu país, e os Roingas, afligidos por uma grave crise humanitária, e abra o caminho da reconciliação em Mianmar, dilacerado por anos de conflito interno.

“Que ele abra caminhos de paz no continente africano”, acrescentou o Pontífice, que lembrou também dos migrantes e daqueles que passam por dificuldades econômicas. Neste contexto, rogou a Deus que “guie todas as pessoas de boa vontade a se unirem em solidariedade, para enfrentarem juntas os muitos desafios que as famílias mais pobres enfrentam em sua busca por uma vida melhor e pela felicidade”.

Toda vida humana deve ser acolhida, protegida e amada

Voltando-se para as crianças, o Santo Padre refletiu como “a preciosa dádiva da vida é desprezada”. “Quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, ou são privadas de cuidados essenciais, ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos?”, questionou.

Por fim, exortou aqueles com responsabilidade política a não poupar esforços no combate ao tráfico humano, “trabalhando incansavelmente para desmantelar suas redes de exploração e trazer liberdade àqueles que são suas vítimas”.

O Papa Francisco concluiu sua mensagem pedindo “que a luz da ressurreição ilumine nossas mentes e converta nossos corações, conscientizando-nos do valor de toda vida humana, que deve ser acolhida, protegida e amada”.

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