Abertura do Sínodo

Papa: Sínodo, expressão viva do ser Igreja; Escutar o Espírito e os irmãos

Na abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade, Francisco convidou a Igreja a viver este momento no espírito da ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: “Para que todos sejam um”

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante abertura do Sínodo neste sábado, 9/ Foto: Vatican Media via Reuters

“Quero agradecer-lhes por estarem aqui na abertura do Sínodo. Percorrendo diversos caminhos, vocês vieram de tantas Igrejas trazendo cada um no coração perguntas e esperanças. Tenho a certeza de que o Espírito nos guiará e concederá a graça de avançarmos juntos, de nos ouvirmos mutuamente e iniciarmos um discernimento sobre o nosso tempo, tornando-nos solidários com as fadigas e os anseios da humanidade”.

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Foi o que disse o Papa Francisco, neste sábado, 9, na abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade. O Pontífice convidou toda a Igreja a viver “este Sínodo no espírito da ardente oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus: ‘Para que todos sejam um'”. É a isso que somos chamados: à unidade, à comunhão, à fraternidade que nasce de nos sentirmos abraçados pelo único amor de Deus.

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Comunhão, participação e missão

Na sequência, o Santo Padre citou três palavras-chave do Sínodo. São elas: comunhão, participação e missão. Comunhão e missão são expressões teológicas que designam o mistério da Igreja, disse. Segundo Francisco, através dessas duas palavras, a Igreja contempla e imita a vida da Santíssima Trindade. “Mistério de comunhão ad intra e fonte de missão ad extra”, pontuou.

Sobre a terceira palavra, “participação”, Francisco afirmou: “Celebrar um Sínodo é sempre bom e importante, mas só é verdadeiramente fecundo se se tornar expressão viva do ser Igreja, de um agir marcado pela verdadeira participação. E isto não por exigências de estilo, mas de fé. (…) A participação é uma exigência da fé batismal”, ressaltou.

De acordo com o Papa, o ponto de partida, no corpo eclesial, é o Batismo. Dele, o Pontífice destacou que a fonte de vida deriva a igual dignidade dos filhos de Deus. “Embora na diferença de ministérios e carismas”, frisou. Por isso, o Santo Padre garantiu que todos são chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão.

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“Se falta uma participação real de todo o Povo de Deus, os discursos sobre a comunhão correm o risco de permanecer pias intenções. Neste aspecto, foram dados alguns passos adiante, mas sente-se ainda uma certa dificuldade e somos obrigados a registar o mal-estar e a tribulação de muitos agentes pastorais, dos organismos de participação das dioceses e paróquias, das mulheres que, muitas vezes, ainda são deixadas à margem. Participarem todos: é um compromisso eclesial irrenunciável!”.

Formalismo

Segundo o Papa, o Sínodo proporciona uma grande oportunidade para a conversão pastoral em chave missionária e também ecumênica. No entanto, ele não está isento de alguns riscos. Francisco mencionou três riscos.

O primeiro é o risco do formalismo. Esse risco é o de reduzir um Sínodo a um evento extraordinário, mas de fachada. “Como se alguém ficasse olhando a bela fachada de uma igreja sem nunca entrar nela”, exemplificou.

“Pelo contrário, o Sínodo é um percurso de efetivo discernimento espiritual, que não empreendemos para dar uma bela imagem de nós mesmos, mas a fim de colaborar melhor para a obra de Deus na história. Assim, quando falamos de uma Igreja sinodal, não podemos contentar-nos com a forma, mas temos necessidade também de substância, instrumentos e estruturas que favoreçam o diálogo e a interação no Povo de Deus, sobretudo entre sacerdotes e leigos”.

Intelectualismo e tentação

O segundo risco é o do intelectualismo. Ele consiste em transformar o Sínodo em uma espécie de grupo de estudo, pontuou o Papa. Ou seja, o Sínodo é vivido com intervenções cultas, mas alheias aos problemas da Igreja e aos males do mundo. O Papa afirmou que é uma espécie de “falar por falar”. “Onde se pensa de maneira superficial e mundana, alheando-se da realidade do Povo de Deus, da vida concreta das comunidades espalhadas pelo mundo”.

O último risco é o da tentação do imobilismo. “Dado que «se fez sempre assim» é melhor não mudar. Quem se move neste horizonte, mesmo sem se dar conta, cai no erro de não levar a sério o tempo que vivemos. O risco é que, no fim, se adotem soluções velhas para problemas novos”.

“Por isso, é importante que o caminho sinodal seja um processo em desenvolvimento; envolva, em diferentes fases e a partir da base, as Igrejas locais, num trabalho apaixonado e encarnado, que imprima um estilo de comunhão e participação orientado para a missão”, suscitou.

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Escutar o Espírito na adoração e na oração

O Santo Padre convidou toda a Igreja a viver o Sínodo como uma ocasião de encontro, escuta e reflexão. A viver como um tempo de graça que ofereça, na alegria do Evangelho, pelo menos três oportunidades.

“A primeira é encaminhar-nos, não ocasionalmente, mas estruturalmente para uma Igreja sinodal: um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar. Depois, o Sínodo nos oferece a oportunidade de nos tornarmos uma Igreja da escuta: fazer uma pausa dos nossos ritmos, controlar as nossas ânsias pastorais para pararmos a escutar. Escutar o Espírito na adoração e na oração, escutar os irmãos e as irmãs sobre as esperanças e as crises da fé nas diversas áreas do mundo, sobre as urgências de renovação da vida pastoral, sobre os sinais que provêm das realidades locais”. 

Por fim, o Papa pontuou que existe a oportunidade da Igreja se tornar mais próxima, estabelecendo, não só por palavras, mas com a presença, maiores laços de amizade com a sociedade e o mundo. “Uma Igreja que não se alheie da vida, mas cuide das fragilidades e pobrezas do nosso tempo, curando as feridas e sarando os corações dilacerados com o bálsamo de Deus”.

Francisco concluiu, desejando que “este Sínodo seja um tempo habitado pelo Espírito! Pois é do Espírito que precisamos, da respiração sempre nova de Deus, que liberta de todo o fechamento, reanima o que está morto, solta as correntes e espalha a alegria. O Espírito Santo é Aquele que nos guia para onde Deus quer, e não para onde nos levariam as nossas ideias e gostos pessoais”.

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