Papa presidiu Missa na Universidade do Sagrado Coração, em Roma
Da Redação
O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira, 5, a Missa na Universidade Católica do Sagrado Coração, em Roma. A celebração foi por ocasião dos 60 anos da inauguração da Faculdade de Medicina e Cirurgia. A homilia teve como foco o Sagrado Coração de Jesus e, a partir disso, a cultura do cuidado e compaixão, em especial a quem sofre.
A reflexão do Papa partiu do título da universidade: dedicada ao Sagrado Coração. “Contemplando o sagrado Coração de Cristo, podemos nos deixar guiar por três palavras: recordação, paixão e conforto”.
Recordação: retornar com o coração
Da palavra “recordação”, o Santo Padre frisou o sentido de “retornar com o coração”. E destacou que o coração de Cristo nos faz retornar àquilo que Cristo fez: nos mostra que Jesus se oferece, é o compêndio de sua misericórdia. Olhando ao coração de Jesus, é natural fazer memória da sua bondade, que é gratuita e incondicional, e comove, acrescentou.
“Na pressa de hoje, entre mil coisas e preocupações, estamos perdendo a capacidade de nos comovermos, porque estamos perdendo esse retorno ao coração, a recordação, a memória. Sem memória, se perdem as raízes e sem raízes não se cresce”.
O Pontífice disse também que faz bem alimentar a memória de quem nos amou, cuidou, amparou. E nesse sentido, renovou seu agradecimento aos cuidados e afetos que recebeu neste hospital, quando fez a cirurgia em julho.
“Acredito que neste tempo de pandemia nos faça bem fazer memória também dos períodos mais sofridos: não para ficarmos tristes, mas para não esquecer, e para nos orientarmos nas escolhas à luz de um passado muito recente”.
“Mas como funciona nossa memória?”, indagou o Papa. Na prática, a pessoa se lembra de algo ou alguém quando lhe toca o coração, quando está ligada a um afeto ou à falta dele. E o coração de Jesus cura a nossa memória, porque reporta a um afeto profundo, recorda que, aconteça o que acontecer, somos amados. “Sim, somos seres amados, filho que o Pai ama sempre”.
Francisco exortou os fiéis a cultivar a memória, que se fortalece sobretudo com a Adoração Eucarística. Cultivar também a recordação dos rostos e sorrisos que se encontra ao longo do dia, apesar da correria de um dia de trabalho. Segundo o Papa, são recordações de amor que ajudam a memória a se reencontrar. “Essas recordações são importantes nos hospitais, podem dar sentido ao dia de um enfermo. Uma palavra fraterna, um sorriso, uma carícia no rosto: são recordações que curam por dentro, fazem bem ao coração. Não esqueçamos a terapia da recordação!”
Um coração apaixonado
A segunda palavra citada pelo Papa foi paixão. Ele destacou que o coração de Cristo não é uma devoção piedosa, uma imagem que desperta afeto apenas, mas um coração apaixonado. Um coração que foi dilacerado pela humanidade na Cruz.
“O sagrado coração é o ícone da paixão, nos mostra a ternura de Deus, sua paixão amorosa por nós e ao mesmo tempo, sob o peso da cruz, nos mostra quanto sofrimento custou nossa salvação”.
O estilo de Deus é proximidade, compaixão e ternura, frisou o Papa. Isso sugere que, se queremos amar a Deus, devemos ser apaixonados pelo homem, sobretudo pelos que vivem a condição na qual o coração de Jesus se manifestou: dor, abandono descarte. “Quando servimos quem sofre, consolamos e alegramos o Coração de Cristo”.
Conforto
Sobre o conforto, Francisco explicou que esta é uma força que não vem de nós, mas daqueles que estão conosco. “Jesus, o Deus conosco, nos dá essa força, o seu coração nos dá coragem nas adversidades”.
Tantas incertezas assustam neste tempo, considerou o Papa: com a pandemia nos descobrimos menores e frágeis. Poderíamos desanimar e por isso é preciso o conforto. “O Coração de Jesus bate por nós repetindo sempre aquelas palavras: ‘coragem, não tenham medo!’. Coragem, irmã, coragem, irmão, não se deixem abater, o Senhor teu Deus é maior que os teus males, te toma pela mão e te acaricia. Ele é o teu conforto”.
O Papa destacou, por fim, que se olharmos a realidade a partir da perspectiva do Coração de Jesus, nossa visão muda. “Que Jesus abra os corações daqueles que cuidam dos doentes à colaboração e à coesão. Ao teu Coração, Senhor, confiamos a vocação do cuidado: faça-nos sentir querida cada pessoa que se aproxima de nós na necessidade”.