Em mensagem ao Conselho de Governadores do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Francisco alertou para o desperdício de alimentos e impactos climáticos e de exploração de recursos na agricultura
Da Redação, com Vatican News
O desperdício de alimentos foi o centro da mensagem do Papa Francisco aos participantes da 47ª sessão do Conselho de Governadores do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola. Publicado nesta quarta-feira, 14, o texto destaca que a fome e a miséria devem ser combatidas sem se contentar com “estratégias abstratas ou compromissos inatingíveis, mas cultivando a esperança que vem da ação coletiva”.
O Pontífice registra, em sua mensagem, que os alimentos desperdiçados todos os anos geram enormes quantidades de gases de efeito estufa. Mencionando “tempos de precariedade”, ele frisa que a humanidade está levando o mundo a limites perigosos. “O clima está mudando, os recursos são explorados sem medida; os conflitos e a crise econômica ameaçam a sobrevivência de milhões de pessoas. Diante dessa crise, as comunidades rurais são as primeiras a serem prejudicadas”, destaca.
Esses pequenos grupos são diretamente impactados, observa o Santo Padre, porque não têm recursos para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e dos conflitos, sendo excluídos da possibilidade de acesso a financiamento.
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Incluídos nesse horizonte, acrescenta Francisco, estão os povos indígenas, vítimas de “privações e violações de seus direitos”; as mulheres, pilares da sobrevivência de “mais da metade das famílias que sofrem de precariedade alimentar”; e os jovens, que também “possuem um importante potencial de inovação e mudança positiva”.
Por um sistema agrícola mais inclusivo
Desta forma, para enfrentar a fome e a miséria, exorta o Papa, não se pode ficar satisfeito com “estratégias abstratas ou compromissos inatingíveis”: é preciso cultivar “a esperança que vem da ação coletiva”, tendo como objetivo a “construção de um sistema agrícola e alimentar mais inclusivo”, com programas de pesquisa e tecnologia “que favoreçam uma agricultura sustentável e ecologicamente correta”.
Para reduzir o desperdício e apoiar uma distribuição equitativa de recursos, o Pontífice pede por investimentos “em transporte e armazenamento” que podem “reduzir as perdas dos pequenos agricultores, que produzem um terço dos alimentos consumidos diariamente”. Por fim, ele pede aos participantes do Conselho que suas ações “reflitam os valores universais de justiça, solidariedade e compaixão, sejam orientadas para o bem comum e trabalhem pela paz e pela amizade social”.