Papa não presidiu a celebração, mas sua homilia foi lida pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos
Jéssica Marçal
Da Redação
“Que a Santíssima Trindade, comunhão de amor, nos faça crescer na unidade”. Esse é o pedido do Papa Francisco na Solenidade da Conversão de São Paulo celebrada nesta segunda-feira, 25.
Concluindo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, realizada no hemisfério norte de 18 a 25 de janeiro, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, presidiu as Segundas Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Na homilia desta solenidade, ele leu a reflexão preparada pelo Papa Francisco para a ocasião, que não presidiu a celebração devido a fortes dores no nervo ciático.
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.: Íntegra da homilia do Papa
A Semana de Oração deste ano teve como tema “Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto” (cf. Jo 15,5-9). Na celebração de hoje, participaram representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais presentes em Roma. No hemisfério sul, a Semana de Oração é realizada durante o período de Pentecostes.
A homilia preparada por Francisco destaca a videira que é Jesus Cristo, uma videira da qual os fiéis batizados são os ramos: “quer dizer que só unidos a Jesus é que podemos crescer e dar fruto”. Nesse sentido, o Pontífice fala de três aspectos segundo os quais é possível imaginar a unidade: permanecer em Jesus, a unidade com os cristãos e a humanidade inteira.
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Do primeiro aspecto – permanecer em Jesus – parte o caminho de cada um rumo à unidade, diz Francisco. Ele lembra que, na realidade mutável e complexa de hoje, muitos se sentem intimamente divididos, incapazes de encontrar um ponto firme.
“Precisamos da oração, como de água, para viver. A oração pessoal, o estar com Jesus, a adoração, é o essencial deste permanecer n’Ele. É o meio para colocar no coração do Senhor tudo aquilo que povoa o nosso coração: esperanças e temores, alegrias e dores”.
Sobre a unidade com os cristãos, o Papa destaca que os fiéis são ramos da mesma videira, “vasos comunicantes”. À medida em que se permanece em Deus, aproxima-se dos outros e, aproximando-se dos outros, permanece-se em Deus. Significa que, invocando Deus em espírito e verdade, brota a exigência de amar os outros e vice-versa.
“A oração só pode levar ao amor, caso contrário é vão ritualismo. (…) Se a nossa adoração for genuína, cresceremos no amor por todos aqueles que seguem Jesus, independentemente da comunhão cristã a que pertençam, porque, mesmo se não são ‘dos nossos’, são d’Ele”.
Francisco reconhece no texto que amar os irmãos não é fácil, pois logo aparecem os defeitos e as faltas, as feridas do passado. Mas aí vem como auxílio a ação do Pai que, como sábio agricultor, sabe o que fazer: corta o ramo que não dá fruto e poda o que dá fruto, para que dê mais frutos ainda. “Por isso peçamos ao Pai para cortar em nós os preconceitos contra os outros e os apegos mundanos que impedem a plena unidade com todos os seus filhos”.
Sobre o terceiro e último aspecto – a humanidade inteira – este é um âmbito para refletir sobre a ação do Espírito Santo, escreve o Papa. “O Espírito Santo, autor da graça, ajuda-nos a viver na gratuidade, a amar mesmo quem não nos retribui, porque é no amor puro e desinteressado que o Evangelho dá fruto”.
Assim, acrescenta o Santo Padre, o Espírito Santo ensina o amor concreto por todos os irmãos e irmãs com quem se partilha a mesma humanidade, aquela que Cristo uniu inseparavelmente a Si.
Francisco agradece ainda, em sua homilia, a todos os que rezaram nesta Semana e continuarão a rezar pela unidade dos cristãos.
“Queridos irmãos e irmãs, permaneçamos unidos em Cristo! Que o Espírito Santo, derramado nos nossos corações, nos faça sentir filhos do Pai, irmãos e irmãs entre nós, irmãos e irmãs na única família humana. Que a Santíssima Trindade, comunhão de amor, nos faça crescer na unidade”, conclui.