O Pontífice dirigiu seu pensamento às famílias deslocadas e espera que o clamor pela paz ‘também toque os corações insensíveis ao sofrimento dos pobres’
Da redação, com Vatican News
“Chega!” Chega de guerras e massacres que vêm ocorrendo no mundo desde a Primeira Guerra Mundial: “Era para ser a última e os Estados se constituíram na Sociedade das Nações, ‘primícias’ das Nações Unidas, pensando que isso era suficiente para preservar o dom da paz. No entanto, desde então, quantos conflitos e massacres, sempre trágicos e sempre inúteis”. Francisco lançou mais uma vez um apelo à paz em sua audiência ao Sínodo da Igreja Patriarcal Armênia da Cilícia, em Roma, em peregrinação ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo, após a festa de São Gregório de Narek, Doutor da Igreja. Ao receber os membros esta quarta-feira, 28, no Palácio Apostólico, o Papa — que, devido ao leve estado gripal dos últimos dias, teve dificuldade para ler e pediu ao seu colaborador monsenhor Filippo Ciampanelli que lesse o texto — olhou para o sofrimento da população do Nagorno-Karabakh, a quem disse estar próximo com palavras, mas sobretudo “com a oração”.
O clamor pela paz
Em particular, Francisco dirigiu um pensamento “para as muitas famílias deslocadas que buscam refúgio!”. “Tantas guerras, tanto sofrimento”, enfatizou.
Façamos ecoar o grito de paz, para que ele toque os corações, mesmo aqueles insensíveis ao sofrimento dos pobres e dos humildes. E, sobretudo, oremos. Faço isso por vocês e pela Armênia…
Escolher os bispos com cuidado
Em seguida, o discurso do Pontífice se concentrou na figura dos bispos, sendo que uma das grandes responsabilidades do Sínodo é justamente a de dar à Igreja os pastores do amanhã. “Por favor, escolham-nos com cuidado, para que sejam dedicados ao rebanho, fiéis ao cuidado pastoral, nunca carreiristas”, recomendou o Papa.
Eles não devem ser escolhidos de acordo com as simpatias ou tendências de cada um, e é preciso ter muito cuidado com os homens que têm “faro para os negócios” ou aqueles que “estão sempre com a mala na mão”, deixando o povo órfão.
“Adultério pastoral”
O Papa cunhou uma nova e forte expressão: “adultério pastoral”. É o que corre o risco de cometer o bispo “que vê a sua Eparquia como um lugar de passagem para outra mais ‘prestigiosa’, esquecendo-se de que está casado com a Igreja”. O mesmo acontece quando “se perde tempo negociando novos destinos ou promoções”: “Os bispos não são comprados no mercado, é Cristo que os escolhe como Sucessores de seus Apóstolos e Pastores de seu rebanho”.
Em um mundo repleto de solidão e distância, aqueles que nos foram confiados devem sentir de nós o calor do Bom Pastor, nossa atenção paternal, a beleza da fraternidade, a misericórdia de Deus. Os filhos de seu querido povo precisam da proximidade de seus bispos.