Na mesma ocasião, Francisco inaugurará também a exposição: ‘Tutti’. Umanità in Cammino” (Todos. Humanidade em Caminho)
Da redação, com Vatican News
Arte e história, antiguidade e modernidade, conhecimento e novas descobertas. Tudo isso está presente na Biblioteca Apostólica vaticana que ganhará, nesta sexta-feira, 5, um novo espaço de exposição permanente. O local, que tem salões históricos com vista para o Pátio Belvedere, guarda coleções de textos raros, alguns datados do primeiro século.
O Papa, às 17h, é quem abrirá oficialmente esta nova ala, construída com o apoio dos herdeiros do empresário e filantropo estadunidense Kirk Kerkorian, que marca um novo capítulo na centenária missão da Biblioteca de preservar e difundir o patrimônio histórico e artístico.
Na mesma ocasião, Francisco inaugurará a exposição ‘Tutti’. Umanità in Cammino” (Todos. Humanidade em Caminho). Este será um itinerário que, inspirado na Fratelli tutti e através das obras do artista Pietro Ruffo, parte da cartografia de viagem e chega a mapas utópicos e alegóricos.
Para a exposição, com a realização de padre Giacomo Cardinali, Simona De Crescenzo e Delio Proverbio, foi montada uma instalação específica para o local e expostas obras de grande dimensão do artista romano.
Tolentino: apoio à cultura do encontro
Para o cardeal bibliotecário José Tolentino de Mendonça, a inauguração da nova sala de exposições é uma oportunidade “para apoiar a cultura do encontro”. “Nossa aposta é fortalecer o papel cultural da Biblioteca do Vaticano no mundo contemporâneo”, explica.
“De uma grande biblioteca se espera um compromisso para alcançar o que o Papa Francisco profeticamente chama de ‘cultura do encontro’. Que os livros se encontrarem com os leitores, traçando caminhos originais. Esse conhecimento preservado como memória pode responder às questões colocadas pelos eventos atuais. Que a história encontre o presente, abrindo novas perspectivas não apenas sobre o que fomos, mas também sobre o que podemos ser”.
Uma viagem no conhecimento
Por sua vez, o prefeito da Biblioteca vaticana, Monsenhor Cesare Pasini, confirma o desejo de “adquirir uma nova perspectiva sobre nós mesmos, repensar nosso acervo”. “Redescobrimos obras que só conhecíamos em parte e adquirimos outras, antigas e modernas, para enriquecer as coleções do Vaticano. Assim como Pietro Ruffo não é mais o mesmo homem que conhecemos há alguns meses, nós também sentimos que não somos mais o mesmo; uma sensação importante para uma instituição secular como a nossa”.
O próprio Ruffo define o evento da Biblioteca Apostólica como uma viagem ao conhecimento, à geografia e à história da humanidade. “A análise do grande canteiro de obras que é a Terra, através dos preciosos mapas aqui guardados”, disse ele, “deu origem a uma série de obras inéditas”. O diálogo entre minha pesquisa e os mapas terrestres e celestiais de diferentes épocas e culturas delineia uma humanidade cada vez mais interligada e responsável por sua frágil relação com seu próprio ecossistema”.
Mapeando os sonhos e desesperos do homem
As várias obras em exposição incluem o mapa do Nilo de Evliya Çelebi do século XVII, uma obra única de cartografia de viagem de cerca de seis metros de comprimento, acompanhada pela reinterpretação de Ruffo.
Na Sala Barberini, Ruffo irá propor – integrando-a na estrutura de madeira do século XVII – uma instalação específica do local que transforma o espaço em uma exuberante floresta tropical. O tema é o da “cartografia não geográfica”, entendida como aquela interioridade que, ao longo da história, o homem quis trazer à tona através do esquema representativo do mapa: uma forma não só de descrever a objetividade da Terra, mas também os ideais, as viagens, as descobertas e as crenças.
“O público – explica padre Giacomo Cardinali – encontrará mapas alegóricos, teológicos, satíricos e sentimentais em exposição. Mapas do desejo e do protesto, dos sonhos e dos desesperos do homem”.