Na Sala Paulo VI, Francisco encontra os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 23, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de quinhentos participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica.
Em seu discurso, o Pontífice recordou que “há mais de três décadas, a Penitenciaria Apostólica oferece este importante e valioso momento de formação, para contribuir na preparação de bons confessores, plenamente conscientes da importância do ministério a serviço dos penitentes”.
O Papa os encorajou “a prosseguir neste compromisso formativo, que tanto bem faz à Igreja, pois ajuda a circular em suas veias a seiva da misericórdia”.
Misericórdia e a vocação missionária da Igreja
Segundo Francisco existe, portanto, um vínculo inseparável entre a vocação missionária da Igreja e a oferta de misericórdia a todos os homens.
“Vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas ‘notas’ características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade.”
O Papa afirmou que desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta “identidade de misericórdia”, dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa.
“A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou”, sublinhou Francisco.
Segundo o Papa, “não é possível, sobretudo neste tempo da Quaresma, deixar de dar atenção ao exercício da caridade pastoral, que se expressa de modo concreto e iminente na plena disponibilidade dos sacerdotes ao exercício do ministério da reconciliação”.
O silêncio
Em seguida, Francisco convidou “a pensar em Jesus, que escolhe ficar em silêncio diante da mulher adúltera, para salvá-la da condenação à morte”.
Assim também o sacerdote no confessionário deve amar o silêncio, ser magnânimo de coração, sabendo que cada penitente o recorda a sua própria condição pessoal: ser pecador e ministro da misericórdia.
Esta consciência fará com que os confessionários não fiquem abandonados e que não falte a disponibilidade dos sacerdotes. A missão evangelizadora da Igreja passa em grande parte pela redescoberta do dom da Confissão, também em vista do iminente Jubileu de 2025.
Segundo o Papa, “nos planos pastorais das Igrejas particulares, nunca deve faltar espaço para o serviço da Reconciliação sacramental”:
“Se a misericórdia é a missão da Igreja, devemos facilitar ao máximo o acesso dos fiéis a este ‘encontro de amor’, cuidando dele desde a primeira Confissão das crianças e estendendo esta atenção aos lugares de cuidado e sofrimento”, sublinhou.
Multiplicar os focos de misericórdia
Para o Papa, quando já não se pode fazer muito para curar o corpo, muito se pode e deve sempre ser feito para a saúde da alma. “Neste sentido, a Confissão individual é o caminho privilegiado a percorrer, porque favorece o encontro pessoal com a Divina Misericórdia, que todo coração arrependido espera.”
Na Confissão individual, Francisco explicou que Deus quer acariciar pessoalmente, com a sua misericórdia, cada pecador. “O Pastor, só Ele, conhece e ama as ovelhas uma por uma, especialmente as mais frágeis e feridas. As celebrações comunitárias devem ser valorizadas em algumas ocasiões, sem renunciar às Confissões individuais como forma ordinária de celebrar o sacramento.”
No mundo, infelizmente vemos isso todos os dias, ressalta o Pontífice, pois não faltam focos de ódio e vingança. “Nós, confessores, devemos então multiplicar os ‘focos da misericórdia’. Jesus nos ensinou que nunca devemos dialogar com o diabo: Nunca! À tentação no deserto Ele respondeu com a Palavra de Deus, mas não entrou em diálogo”.
Nunca dialogar com o mal
O Papa disse que é preciso ter cuidado no confessionário, nunca dialogar com o mal, nunca: “É preciso dar o perdão e abrir alguma porta para que a pessoa possa ir adiante; mas dar um de psiquiatra, por favor, de psicanalista: não, nunca entrar nessas coisas,” e continuou:
“Se alguém de vocês tem esta vocação, deve exercê-la em outro lugar, não no tribunal da penitência. Este é um diálogo que não cabe a um momento de misericórdia.”
O Papa encerrou dizendo que acompanha a Penitenciaria Apostólica na oração e agradecendo “pelo trabalho que realiza incansavelmente em favor do Sacramento do Perdão.”