ENTREVISTA

Papa fala sobre guerras, inteligência artificial e futuras viagens

Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, Francisco abordou diversos temas e recordou o conclave em que foi eleito: “Precisamos de um Papa como o senhor”

Da Redação, com Vatican News

Foto: Alessia Giuliani/Catholic Press Photo/IPA via Reuters Connect

Guerra no Oriente Médio, inteligência artificial, próximas viagens. Esses foram alguns dos temas abordados pelo Papa Francisco ao ser entrevistado pelo vaticanista Domenico Agasso. A conversa entre os dois foi publicada no jornal italiano La Stampa, na manhã desta segunda-feira, 29.

Ao falar sobre as guerras em curso no mundo, o Pontífice convidou todos a rezarem pela paz. Ele indicou que o planeta está à beira de um abismo, e pediu pelo fim das atitudes hostis, parando imediatamente as bombas e os mísseis e apontando o diálogo como único caminho possível.

Voltando-se especificamente para o conflito entre Israel e o grupo radical Hamas, no Oriente Médio, o Santo Padre afirmou que não se deve justificar as guerras, pois “são sempre erradas”. Ele citou ainda o papel exercido pelo Custódio da Terra Santa, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, “uma figura crucial”, que “se movimenta bem” e procura fazer uma mediação entre os dois lados. Francisco pontuou que “estão sendo realizadas reuniões reservadas para tentar chegar a um acordo” e reconheceu que “uma trégua já seria um bom resultado”.

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Ele também falou sobre a guerra na Ucrânia, que está prestes a completar dois anos. O Papa recordou a missão do presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Matteo Zuppi, reiterando que “a Santa Sé está tentando mediar a troca de prisioneiros e o retorno dos civis ucranianos”, especialmente a repatriação de crianças levadas à Rússia à força.

Bênçãos, inteligência artificial e viagens

Na entrevista, o Pontífice também falou sobre a Declaração Fiducia supplicans, que trata sobre o sentido pastoral das bênçãos. Ele reforçou que “Cristo chama todos para dentro” e que “o Evangelho é para santificar a todos”, e apontou para a necessidade de dar instruções precisas sobre a vida cristã – sublinhando que não se abençoa a união, mas as pessoas. Além disso, enfatizou que a declaração “visa incluir, não dividir” e que “convida a acolher e depois confiar as pessoas e confiar-nos a Deus”.

Outro assunto abordado pelo Santo Padre foi a inteligência artificial, tema de sua mensagem para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Ele a definiu como “um belo passo à frente que pode resolver muitos problemas, mas que, potencialmente, se administrado sem ética, também pode provocar muitos danos ao homem”. Nesse sentido, salientou que é preciso que a tecnologia “esteja sempre em harmonia com a dignidade da pessoa”.

Na sequência, Francisco falou sobre suas futuras viagens. Ele citou, como já feito anteriormente, Bélgica, Timor Leste, Papua-Nova Guiné e Indonésia como destinos. Além disso, falou sobre a “hipótese” de visitar seu país-natal, confirmando que se encontrará com o novo presidente da Argentina, Javier Milei, logo após a canonização da santa argentina Mama Antula, prevista para 11 de fevereiro.

O pároco de uma paróquia planetária

Por fim, o Pontífice recordou o conclave que o elegeu, que completará 11 anos. Ele lembrou que, durante as congregações gerais antes da votação, fez um discurso que foi decisivo. “Quando eu estava saindo da Sala do Sínodo”, contou, “um cardeal que falava inglês me viu e exclamou: ‘Muito bom o que você disse! Belo. Belo. Precisamos de um Papa como o senhor’”.

O Santo Padre partilhou ainda que percebeu, no almoço daquele 13 de março de 2013, que “algo estranho estava acontecendo”. Ainda assim, relatou, conseguiu “tirar um cochilo” após a refeição e, quando enfim foi eleito, sentiu “uma surpreendente sensação de paz” dentro de si.

Por fim, Francisco manifestou que se sente como “um pároco. De uma paróquia muito grande, planetária, é claro, mas gosto de manter o espírito de um pároco. E estar entre as pessoas. Onde eu sempre encontro Deus”, concluiu.

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