Líderes das Igrejas Católica e Assíria do Oriente assinaram uma declaração conjunta em defesa dos direitos religiosos dos cristãos perseguidos
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu, nesta sexta-feira, 9, no Vaticano, o Patriarca Catholicos da Igreja Assíria do Oriente, Gewargis III, acompanhado por membros da Comissão mista para o diálogo teológico entre Igreja Católica e Igreja Assíria do Oriente. Após o encontro, o Papa e o Patriarca rezaram juntos na Capela Redemptoris Mater da Residência Apostólica e depois assinaram uma declaração conjunta.
“Em nosso caminho rumo à unidade visível, vivemos o sofrimento comum, proveniente da situação dramática de nossos irmãos e irmãs no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria (…). O Oriente Médio tornou-se, há décadas, um centro de violência, um lugar em que milhares de homens, mulheres e crianças inocentes sofrem imensamente por causa de conflitos violentos sem justificação. Guerras e perseguições aumentaram o êxodo de cristãos de suas terras, onde viveram lado a lado com outras comunidades religiosas desde os tempos dos apóstolos. Sem distinção de rito ou confissão, eles sofrem por causa de sua profissão de fé em Cristo. Somos gratos a esses nossos irmãos e irmãs”, lê-se no texto.
A declaração considera os cristãos perseguidos no Oriente Médio, mártires, e reforça a união do Papa e do Patriarca Gewargis III com todos que sofrem perseguições. “Juntos, faremos de tudo para aliviar os seus sofrimentos e ajudá-los a encontrar maneiras para iniciar uma nova vida”, afirmam os signatários. No texto, os líderes afirmam ser impossível imaginar o Oriente Médio sem cristãos: “Esta convicção se fundamenta não apenas em motivações religiosas, mas também na realidade social e cultural, visto que os cristãos e outros fiéis dão uma contribuição para a identidade específica da região: um lugar de tolerância, respeito mútuo e aceitação. O Oriente Médio sem os cristãos não seria mais Oriente Médio”.
Leia mais
.: Em vídeo, Papa convida Igreja a rezar por cristãos perseguidos
.: Igreja reza por cristãos perseguidos: “fé em Jesus supera adversidades”
.: Cristãos perseguidos: missionários falam de perdão em meio à barbárie
No texto, o Papa e o Patriarca Gewargis III alertaram para os muros e jogos de poder, e reafirmaram que estes não levarão à paz, pois a paz verdadeira pode ser alcançada e preservada somente através da escuta recíproca e do diálogo. A seguir, os líderes fizaram um apelo à Comunidade internacional a fim de promover soluções políticas que reconheçam os direitos e deveres de todas as partes envolvidas, partindo da necessidade de se garantir os direitos de cada pessoa.
“A primazia da lei, que inclui o respeito pela liberdade religiosa e pela igualdade, baseada no princípio da ‘cidadania’, independentemente da origem étnica ou religiosa, é um princípio fundamental para a instauração e preservação de uma convivência estável e produtiva entre povos e comunidades do Oriente Médio. Os cristãos não querem ser considerados uma ‘minoria protegida’ ou um grupo tolerado, mas cidadãos plenos cujos direitos devem ser garantidos e defendidos, junto com os dos outros cidadãos. Nesse contexto, torna-se necessário o diálogo inter-religioso, melhor antídoto contra o extremismo”, conclui a declaração.