Empresários que participam do Congresso Mundial da União Cristã Internacional de Executivos se reuniram, hoje, com o Papa em um encontro marcado pelo tema da economia inclusiva
Da Redação, com Vatican News
Uma economia inclusiva, voltada ao bem comum e que assegure um futuro sustentável às novas gerações. O Papa Francisco voltou a essa temática ao receber em audiência nesta sexta-feira, 21, no Vaticano, mais de 800 gestores e empresários reunidos no 27° Congresso Mundial da União Cristã Internacional de Executivos (Uniapac).
A Uniapac é uma organização ecumênica sem fins lucrativos com sede em Paris. O congresso reúne empresários de 40 países, inclusive do Brasil, em três dias de debates em torno do tema “Coragem de Mudar”. O evento termina amanhã e teve, no encontro com o Papa, o ponto central da programação.
Leia também
.: Papa: a medida do progresso deve ser a pessoa e não o lucro
Em seu discurso, Francisco procurou reforçar o compromisso da nobre vocação da classe através do tema que orienta o evento, ou seja, “a coragem de mudar”, o modo de viver dentro das empresas, as relações entre dirigentes e dependentes e até com o meio ambiente.
“A mudança sempre requer coragem. Mas a verdadeira coragem também exige que sejamos capazes de reconhecer a graça divina na nossa vida.”
A nova economia para o bem comum
A graça de Deus permite guiar as relações dentro do mundo dos negócios para se criar uma nova economia para o bem comum, mesmo diante de tantos desafios para colocá-la em prática, ponderou o Papa. “Não há dúvida de que nosso mundo precisa urgentemente ‘de uma economia diferente, aquela que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a destrua”, disse Francisco ao citar mensagem do evento ‘Economia de Francisco’ (2019).
“Portanto, qualquer ‘nova economia para o bem comum’ deve ser inclusiva. Muitas vezes o slogan ‘não deixar ninguém para trás’ é proferido sem qualquer intenção de oferecer o sacrifício e o esforço para realmente transformar essas palavras em realidade.”
Leia também
.: Economia de Francisco: “ao invés do dinheiro, a vida precisa ser o centro”
Francisco destacou que os líderes de empresas e empresários são chamados a agir como fermento para garantir que o desenvolvimento chegue a todas as pessoas. De modo especial, fazê-lo chegar aos mais marginalizados, necessitados, de modo que a economia possa sempre contribuir para o crescimento humano integral.
Nesse ponto do discurso, o Papa recordou os trabalhadores à margem do mercado de trabalho aos quais os empresários são chamados a priorizar com a criação de emprego. São os diaristas, aqueles do setor informal, trabalhadores migrantes e refugiados, aqueles que realizam o que é comumente chamado de ‘trabalho de três dimensões’: perigoso, sujo e degradante.
“Na verdade, a porta de entrada para a dignidade de um homem é o trabalho. Não basta levar o pão para casa, é necessário ganhar o pão que eu levo para casa.”
A “economia do Evangelho”
A Uniapac representa mais de 45 mil executivos da Europa, América Latina, América do Norte, África e Ásia. O organismo procura promover a visão dessa economia a serviço da pessoa e do bem comum. O Papa vai além e pede que também seja integrada a uma “economia de cuidado”, inclusive do meio ambiente, sem destruir a criação.
Esse é um dos pontos principais do Pacto assinado no fim de setembro, em Assis, por mil jovens economistas e empreendedores para melhorar o sistema econômico global. O Papa recordou essa ideia na audiência de hoje. Trata-se da “economia do Evangelho”, ou seja: uma economia de paz, que cuida da criação, a serviço da pessoa, que não deixa ninguém para trás, que reconhece e protege o trabalho decente e seguro para todos e na qual as finanças são amigas e aliadas da economia real e do trabalho.
“Gostaria de encorajá-los, líderes de empresas e empresários maduros e bem-sucedidos, a considerar uma nova aliança com os jovens que criaram e se comprometeram com esse Pacto. É verdade que os jovens sempre trazem problemas, mas têm o talento de mostrar o verdadeiro caminho. Para caminhar com eles, ensiná-los e aprender com eles, ensiná-los também; e, juntos, dar forma a ‘uma nova economia para o bem comum’. Obrigado pelo que fazem, obrigado por estarem aqui.”