Segundo o Papa, cristãos são chamados a esse comprometimento sem contrapor Deus e César, como relata o Evangelho do dia
Da redação, com Rádio Vaticano
“O cristão é chamado a se comprometer concretamente nas realidades humanas e sociais sem contrapor ‘Deus’ e ‘César’”, afirmou o Papa Francisco no Angelus deste domingo, 22. No Dia Mundial das Missões, a reflexão do Papa partiu do Evangelho que fala sobre o questionamento a Jesus acerca do pagamento do tributo a César.
Diante de posicionamentos diferentes, Francisco recordou a pergunta usada como “armadilha para o Mestre”. “Dependendo de como tivesse respondido, ele seria acusado de estar a favor ou contra Roma”, alertou o Pontífice. A calma com que Jesus respondeu à pergunta e a lição que pregou aos fariseus, segundo o Santo Padre, colocou-O acima da polêmica e coalizões opostas.
Jesus pediu aos fariseus que lhe mostrassem a moeda do imposto. Tendo a moeda a figura e inscrição de César, a resposta de Jesus foi: deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, lembrou o Papa. “Por um lado, intimando a restituir ao imperador o que lhe pertence, Jesus declara que pagar o imposto não é um ato de idolatria, mas um ato devido à autoridade terrena; por outro lado, e é aqui que Jesus dá um “tapa de luva” – lembrando o primado de Deus, pede para dar ao Senhor da vida do homem e da história o que lhe cabe”.
Segundo Francisco, a partir da pergunta colocada pelos fariseus, Jesus fez uma pergunta mais radical e vital para cada um: “a quem pertenço? À família, à cidade, aos amigos, à escola, ao trabalho, à política, ao Estado?”. Em resposta aos questionamentos, o Santo Padre afirmou: “Sim, claro. Mas primeiramente, Jesus nos recorda, você pertence a Deus. Esta é a pertença fundamental”, disse, destacando a necessidade de viver a vida reconhecendo essa pertença fundamental.
Contrapor Deus e César seria, segundo Francisco, um comportamento fundamentalista. “A confiança prioritária em Deus e a esperança Nele não levam a uma fuga da realidade, mas sim a trabalhar e dar a Deus o que lhe pertence. É por isso que o fiel olha a realidade futura, a de Deus, para viver a vida terrena em plenitude e responder com coragem aos seus desafios”, reiterou.
O Pontífice concluiu a oração com um pedido à Virgem Maria: “Nos ajude a viver sempre de acordo com a imagem de Deus que trazemos em nós, dentro, dando também a nossa contribuição na construção da cidade terrena”, concluiu.