Francisco retorna ao Instituto Penitenciário para Menores de “Casal del Marmo”, em Roma, local onde celebrou a primeira Missa da Ceia do Senhor de seu pontificado
Huanna Cruz
Da Redação
Nesta Quinta-feira Santa, 6, o Papa Francisco retornou ao Instituto Penitenciário para Menores de “Casal del Marmo”, em Roma, para celebrar a Missa da Ceia do Senhor. O Santo Padre esteve presente neste instituto pela primeira vez em 2013, no início de seu pontificado.
Na homilia, Francisco afirmou que chama a atenção quando Jesus, um dia antes de sua crucifixão, realiza o gesto de lavar os pés de seus discípulos. O Pontífice recordou que o ato era um costume naquele tempo, em vista das estradas empoeiradas. As pessoas, antes do banquete, da reunião, lavavam os pés e as mãos. O gesto era praticado pelos escravos.
O Santo Padre pediu aos fiéis que imaginassem como os discípulos ficaram surpresos ao ver Jesus realizar algo associado aos escravos. Ele ressaltou que na ocasião “os discípulos começaram a entender a mensagem um dia depois, que Jesus teria morrido como escravo para pagar a dívida de todos”.
Se todos tomassem Jesus como exemplo, opinou o Papa, a vida seria bonita, porque as pessoas se ajudariam ao invés de se aproveitarem uns dos outros.
Ajudar um ao outro
É muito bonito ajudar um ao outro, dar as mãos, estender a mão, são gestos humanos universais, mas que nascem de um coração nobre, frisou o Pontífice. Segundo o Santo Padre, Jesus hoje, com esta celebração, quer isto, ensinar a nobreza do coração. “Cada um de nós pode dizer, mas se o Papa soubesse as coisas que tenho dentro de mim… Jesus sabe e nos ama assim, como somos, e lava os pés de todos nós”.
“Jesus não se assusta com as nossas fraquezas, jamais se espanta, porque Ele pagou já. [Ele] simplesmente quer nos acompanhar, pegar e tomar pelas mãos para que a vida não seja tão dura para nós”. “Farei o mesmo gesto de lavar os pés, mas não é uma coisa folclórica, não, é um gesto que anuncia como devemos ser um com o outro”, ressaltou.
Francisco afirmou que muitas pessoas se aproveitam umas das outras: quantas pessoas estão excluídas e não conseguem sair dessa situação, quantas injustiças, quantas pessoas sem trabalho, quantas pessoas que trabalham e recebem somente a metade, quantas pessoas que não tem o dinheiro para comprar medicamentos, quantas famílias destruídas, quantas coisas ruins…
“Cada um de nós pode escorregar. Essa consciência, esta certeza que cada um de nós pode escorregar, é aquilo que nos dá a dignidade de ser pecadores”, frisou.
Lava pés
Para o Pontífice, “Jesus nos quer assim, e por isso quis lavar os pés e dizer: eu vim para salvar vocês, para servi-los”.
Por fim, o Santo Padre disse que fará o mesmo, recordando o que Jesus ensinou. “Assim, durante o Lava-pés, pensem que Jesus me lavou os pés. Jesus me salvou, tenho essa dificuldade, mas passará. Deus estará sempre ao seu lado, jamais te abandonará. Pensem nisso, pensem em tudo isso”.
Em seguida, o Papa lavou os pés de 10 jovens, dos quais cinco adultos e cinco menores; e de duas meninas, uma adulta, uma menor. Entre eles, dois meninos de origem Sinti, um croata, um muçulmano do Senegal, um romeno e um russo.
Ao final da Santa Missa, o Pontífice abençoou a placa inaugural da capela – dedicada ao Beato Pino Puglisi. Depois de saudar alguns presos, Francisco recebeu de presente uma cruz confeccionada pelos rapazes do curso de carpintaria, alguns biscoitos e um pacote de macarrão, ambos confeccionados na recém-inaugurada fábrica de massas dentro do presídio. O Papa deu rosários e ovos de chocolate aos jovens presos, ao diretor e aos funcionários da penitenciária.