Francisco recebeu, em audiência, a Federação das Associações de Famílias Católicas na Europa que celebra seus 25 anos de fundação
Da Redação, com Vatican News
Nesta sexta-feira, 10, o Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Clementina, os membros da Federação das Associações de Famílias Católicas na Europa no Vaticano. O encontro se deu por ocasião de seus 25 anos de fundação.
Não à guerra
Segundo o Pontífice, a Europa e as famílias na Europa vivem um momento que para muitos é trágico e para todos é dramático por causa da guerra na Ucrânia.
“Mães e pais, independentemente de sua nacionalidade, não querem guerra. A família é a escola da paz”, disse o Papa, citando um trecho da declaração do organismo.
“Famílias e redes de famílias estiveram e estão na vanguarda do acolhimento de refugiados, especialmente na Lituânia, Polônia e Hungria”, lembrou Francisco.
Dar voz às famílias nas instituições europeias
Segundo o Papa, no compromisso cotidiano com as famílias, a federação realiza um serviço duplo. Leva sua voz para as instituições europeias e trabalha para formar redes de famílias em toda a Europa.
“Esta missão está em total consonância com o caminho sinodal que estamos vivendo, a fim de que a Igreja se torne mais família de famílias.”
O Papa agradeceu pelo seminário organizado em colaboração com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, “focado em testemunhar a beleza da família”, que antecipa em alguns dias o Encontro Mundial de Famílias.
Ele ressalta que o seminário chama a atenção para a escassez de nascimentos na Europa e especialmente na Itália. “Este inverno demográfico é grave. Por favor, tenham cuidado! É muito grave”.
Um serviço precioso
Francisco encorajou os membros da Federação das Associações de Famílias Católicas na Europa a continuarem seu trabalho em prol do nascimento e da consolidação das redes de famílias.
“É um serviço precioso, pois há necessidade de lugares, encontros, comunidades em que casais e famílias se sintam acolhidos, acompanhados, nunca sozinhos.”
Para o Pontífice, é urgente que as Igrejas locais, na Europa e fora dela, abram-se para a ação dos leigos e das famílias que acompanham as famílias.
Uma Europa envelhecida não pode falar de sustentabilidade
“Hoje, vivemos não só uma época de mudanças, mas uma mudança de época. O seu trabalho se realiza nesta mudança, que às vezes pode provocar o risco de desânimo”, disse o Papa. “Mas, com a graça de Deus, somos chamados a trabalhar com esperança e confiança, em comunhão com a Igreja”.
Os desafios são grandes e todos estão interligados, lembra Francisco. “Não podemos falar de desenvolvimento sustentável sem solidariedade entre as gerações”, e essa solidariedade pressupõe um equilíbrio. “Uma Europa envelhecida que não é generativa é uma Europa que não pode falar de sustentabilidade e encontra cada vez mais dificuldade em ser solidária.”
Por isso, segundo o Papa, muitas vezes foi enfatizado que as políticas familiares não devem ser consideradas como instrumentos do poder dos Estados, mas são fundadas no interesse das próprias famílias.
O Santo Padre explicou também que os Estados têm a tarefa de eliminar obstáculos à generatividade das famílias, e reconhecer que a família é um bem comum a ser recompensado, com consequências naturais positivas para todos.
O Papa recordou que “ter filhos não deve ser considerado uma falta de responsabilidade para com a criação ou seus recursos naturais. O conceito de ‘impressão ecológica’ não pode ser aplicado às crianças, pois elas são um recurso indispensável para o futuro.”
Em vez disso, o consumismo e o individualismo devem ser abordados, olhando as famílias como o melhor exemplo de otimização de recursos, é o que pensa Francisco.
A chaga da pornografia
A propósito da chaga da pornografia, difundido na internet, Francisco disse “que deve ser denunciado como um ataque permanente à dignidade do homem e da mulher”. Não se trata apenas de proteger as crianças, uma tarefa urgente das autoridades e de todos, mas também de declarar a pornografia como uma ameaça à saúde pública.
“Seria uma grande ilusão pensar que numa sociedade em que o consumo anormal de sexo na rede é desenfreado entre adultos seja capaz de proteger efetivamente os menores.”
As redes de famílias, em cooperação com escolas e comunidades locais, são essenciais para prevenir e combater essa chaga, curando as feridas de quem está no vórtice do vício.
Barriga de aluguel, prática desumana
“A dignidade do homem e da mulher também está ameaçada pela prática desumana e cada vez mais difundida da “barriga de aluguel”, em que as mulheres, quase sempre pobres, são exploradas, e as crianças são tratadas como mercadorias”, disse o Pontífice.
Segundo o Papa, a Federação das Associações de Famílias Católicas na Europa tem “a responsabilidade de testemunhar a unidade e trabalhar pela paz, neste momento histórico em que, infelizmente, há muitas ameaças e é necessário focar no que une e não no que divide”.
A este respeito, Francisco agradeceu aos membros do organismo, “pois nos últimos cinco anos a Federação acolheu dez novas organizações familiares e quatro novos países europeus, incluindo a Ucrânia”.
A pandemia da solidão
Por fim, o Papa ressaltou que a pandemia destacou outra pandemia mais oculta, da qual pouco se fala: “a pandemia da solidão”.
“Se muitas famílias se redescobriram como Igrejas domésticas, também é verdade que muitas famílias experimentaram a solidão, e sua relação com os Sacramentos muitas vezes se tornou puramente virtual.”
As redes de famílias são um antídoto contra a solidão. Na verdade, por sua natureza, elas são chamadas a não deixar ninguém para trás, em comunhão com os pastores e as Igrejas locais.
“Quando a família acolhe e vai ao encontro dos outros, especialmente dos pobres e abandonados, é símbolo, testemunha e participação na maternidade da Igreja”, concluiu.