Consistório

Papa aos novos cardeais: “Servir Cristo no povo fiel de Deus”

Em homilia aos novos cardeias, Francisco afirmou que a única autoridade é a que nasce de se colocar aos pés dos outros para servir

Júlia Beck
Da Redação

Imposição do barrete, entrega do anel e atribuição do título ocorreram nesta quinta-feira, 28/ Foto: Reprodução TV Canção Nova

Na véspera da festividade de São Pedro e São Paulo, Papa Francisco criou na manhã desta quinta-feira, 28, 14 novos cardeais para a Igreja Católica. Na cerimônia, que aconteceu na Basílica Vaticana, o Santo Padre afirmou aos cardeais e neo-cardeais que a única autoridade é a que nasce de se colocar aos pés dos outros para servir. “Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e decepções, com os seus sofrimentos e feridas”, enfatizou.

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O Consistório para a criação dos novos purpurados começou com a saudação de um deles, o Patriarca da Babilônia dos Caldeus, Louis Raphaël I Sako, que, em nome de todos os novos cardeais, agradeceu o Santo Padre pela confiança depositada e pelo chamado a servir com amor à Igreja e a todos os homens. “Essa nomeação no dia de Pentecostes não aconteceu por acaso, ela nos pede o compromisso do anúncio e do aprofundamento da fé. Nos impulsiona a um serviço sempre mais atento com o povo de Deus a nós confiado e nos pede que tenhamos horizontes sempre mais altos”, comentou o patriarca.

Novos cardeais receberam os cumprimentos dos purpurados mais antigos/ Foto: Reprodução Vatican News

A criação cardinalícia não é, de acordo com o patriarca, um prêmio nem uma honra pessoal, mas o envio para a missão que encoraja nos sofrimentos e dá esperança. O novo cardeal aproveitou seu discurso para recordar o sinal concreto de catolicidade e universalidade expresso na origem da escolha de Francisco por cardeais de países e continentes diversos, e reafirmou o compromisso dos purpurados para a promoção da cultura do diálogo, do respeito e da paz em todos os lugares. “Estamos conscientes dos perigos e dos desafios que iremos enfrentar, mas a nossa fé no Senhor nos doa a coragem de esperar por um futuro melhor para todos”, finalizou.

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Após a leitura do Evangelho (Mc 10), Francisco enfatizou a frase de Jesus aos seus discípulos, presente no texto: “Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo”. O Pontífice reforçou a iniciativa de Jesus de centrar novamente o olhar e o coração de seus discípulos na recuperação do que a humanidade há de melhor, sem a prisão por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante. “Não deve ser assim entre vós: é a voz do Senhor que salva a comunidade de se fixar demasiado em si mesma, em vez de dirigir o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta, a missão”, lembrou.

“Jesus ensina-nos que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, e sempre o devem ser, em chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai. A conversão dos nossos pecados, dos nossos egoísmos não é e nem será jamais um fim em si mesma, mas visa principalmente crescer em fidelidade e disponibilidade para abraçar a missão”, comentou.

Citando um trecho de sua exortação Evangelii Gaudium, o Pontífice reforçou que o crescimento e busca de interesses próprios diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para a escuta da voz do Senhor.

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“Estamos aqui porque fomos enviados para anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, para proclamar um ano favorável da parte do Senhor”, enfatizou o Papa. O Pontífice prosseguiu ensinando aos membros do clero que nenhum deles deve sentir-se superior: “Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; só podemos olhar assim uma pessoa, quando a ajudamos a levantar-se”.

Cardeias durante o Consitório desta quinta-feira, 28/ Foto: Reprodução TV Canção Nova

Ao final de sua homilia, Francisco recordou uma parte do testamento espiritual de São João XXIII, datado de 1954, no qual o santo reafirma a graça da pobreza. Após a homilia, o Pontífice deu continuidade ao Consistório, com a imposição do barrete, entrega do anel e atribuição do título.

Amanhã, sexta-feira, 29, o Papa abençoará, na Praça de São Pedro, os pálios sagrados, destinados aos novos arcebispos metropolitanos, e celebrará a Eucaristia da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

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