Homilia

Papa aos fiéis: "Abramos o coração para deixar-nos consolar por Deus"

Durante missa na capela da Casa Santa Marta, Francisco falou da consolação e fez referência aos mártires assassinados na Líbia

Da redação, com Vatican News

Papa celebra a missa na Casa Santa Marta /Foto: Vatican Media

“O Senhor nos consola com a ternura, assim como fazem as mães que acariciam seu filho quando chora”. Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã desta terça-feira, 11, na capela da Casa Santa Marta. O Santo Padre exortou os fiéis a deixarem-se consolar por Deus sem opor resistência.

A Primeira Leitura extraída do Livro do Profeta Isaías (Is 40,1-11), é para o Pontífice, justamente um convite à consolação: “Consolai, consolai o meu povo – diz o vosso Deus, porque a expiação de suas culpas foi cumprida. Trata-se, portanto, da consolação da salvação, da boa notícia que fomos salvos. Cristo Ressuscitado, naqueles 40 dias, faz justamente isso com os seus discípulos: consolar”, argumentou.

Segundo Francisco, homens e mulheres não querem arriscar e resistem à consolação, como se estivessem mais seguros nas águas turbulentas dos problemas. “Nós estamos presos a este pessimismo espiritual”, disse o Papa. O Santo Padre citou as crianças que, nas audiências públicas, gritam e choram porque, vendo-o vestido de branco, pensam que ele seja o médico ou o enfermeiro pronto a dar uma injeção. “Também nós somos um pouco assim, mas o Senhor diz: ‘Consolai, consolai o meu povo’”, afirmou.

“E como consola, o Senhor? Com a ternura. É uma linguagem que os profetas de desventuras não conhecem: a ternura. É uma palavra cancelada por todos os vícios que nos afastam do Senhor: vícios clericais, vícios dos cristãos que não querem se mexer, mornos … A ternura dá medo. Eis que o Senhor Deus vem com a conquista, eis à sua frente a vitória, assim se conclui o trecho de Isaías. ‘Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães’. Este é o modo de consolar do Senhor: com a ternura. As mães, quando o filho chora, o acariciam e o tranquilizam com a ternura: uma palavra que o mundo de hoje, de fato, cancelou do dicionário. Ternura”, refletiu o Papa.

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O convite do Senhor é, de acordo com Francisco, o de deixar-se consolar por Ele. Para o Pontífice, o convite ajuda também na preparação para o Natal. “O estado habitual do cristão deve ser a consolação. Também nos momentos difíceis: os mártires entravam no Coliseu cantando; os mártires de hoje – penso nos trabalhadores coptas na praia da Líbia, degolados – morriam dizendo: ‘Jesus, Jesus!’”, recordou o Santo Padre, que continuou: Há uma consolação, dentro; uma alegria também no momento do martírio. O estado habitual do cristão deve ser a consolação, que não é a mesma coisa que o otimismo, não: o otimismo é outra coisa”.

O Pontífice afirmou que nos momentos em que se sofre, não se sente a consolação, mas advertiu: “um cristão não pode perder a paz porque é um dom do Senhor que a oferece a todos, inclusive nos momentos mais difíceis”. O convite do Papa, portanto, é pedir ao Senhor nesta semana de preparação ao Natal para não ter medo e deixar-se consolar por Ele, fazendo referência também ao Evangelho de hoje (Mt 18,12-14):

“Que também eu me prepare para o Natal pelo menos com a paz: a paz do coração, a paz da Tua presença, a paz que os Teus carinhos dão. ‘Mas eu sou pecador …’ – sim, mas o que nos diz o Evangelho de hoje? Que o Senhor consola como o pastor; se perde um dos seus, vai procurá-lo, como aquele homem que tinha 100 ovelhas e uma delas se perdeu: vai procurá-la. Assim faz o Senhor com cada um de nós. Eu não quero a paz, eu resisto à paz, eu resisto à consolação… mas Ele está à porta. Ele bate para que nós abramos o coração para deixar-nos consolar e para deixar-nos ficar em paz. E o faz com suavidade: bate à porta com os carinhos”.

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