Mais de dois mil coroinhas franceses chegaram a Roma para sua grande peregrinação, acompanhados por sacerdotes e bispos
Da Redação, com Vatican News
Adiada duas vezes por causa da pandemia, aconteceu nesta sexta-feira, 26, a peregrinação a Roma de mais de dois mil coroinhas franceses. Eles foram recebidos pelo Papa Francisco na Sala Paulo VI, no Vaticano.
O Pontífice se deteve com eles sobre o tema que os guia nessa experiência, nas “pegadas das muitas testemunhas de Cristo que, ao longo dos séculos, vieram a Roma para se regenerarem na fé”.
Francisco lembrou que este foi um encontro de partilha, oração e descontração, com o lema “Vem, serve e vai!”, o que o Papa descreveu como “bonito e expressivo”.
O chamado na Igreja
“Vem”: o Senhor o chama. Assim, o Papa começou sua reflexão sobre o chamado dos jovens dentro da Igreja e sobre seu lugar e seu testemunho, encorajando-os em sua escolha.
“Vocês escolheram ser ministrantes do altar, e eu gostaria de agradecer-lhes do fundo do meu coração pelos esforços, e às vezes as renúncias que fazem para se dedicar a este compromisso de coroinhas” disse o Pontífice. E ressaltou: “Enquanto muitos de seus amigos preferem dormir nas manhãs de domingo, ou praticar esportes.”
O Papa citou que muitos coroinhas não imaginam o quanto podem ser um modelo, um ponto de referência para muitos jovens da mesma idade. Eles podem, realmente, se orgulhar do que fazem. “Não tenham vergonha de servir o Altar, mesmo que estejam sozinhos, mesmo que estejam crescendo. É uma honra servir a Jesus quando Ele doa sua vida por nós na Eucaristia”.
Ir e servir os irmãos para difundir o amor de Jesus
Nas palavras do Papa, aos coroinhas de 10 a 18 anos de diferentes dioceses da França, o serviço é, portanto, “testemunho concreta do Evangelho” e é “apostolado” que atrai.
Para Francisco servir a missa requer um depois: ‘Serve e vai’!”. O Papa explicou que Jesus está presente nas pessoas dos irmãos que conhecemos, que depois de servir Jesus na missa, Ele lhe envia a servi-lo nas pessoas que encontram durante o dia: “Especialmente se são pobres e desfavorecidas, porque Ele está especialmente unido a elas.”
O Papa ainda falou na possibilidade dos coroinhas terem amigos que vivem em bairros difíceis ou que passam por grandes sofrimentos, até mesmo vícios. “Talvez conheçam jovens que são desarraigados, migrantes ou refugiados. Peço-lhes que os acolham generosamente, para tirá-los da solidão e que façam amizade com eles.”
Proximidade e não relações virtuais que se separam da realidade
Coragem, espontaneidade e entusiasmo são os instrumentos com os quais o Papa convidou esses jovens a conquistarem outros, a difundir o amor, o perdão, a proximidade de Jesus a cada um.
“Insisto nisso, proximidade: proximidade entre vocês, proximidade aos membros de suas famílias, proximidade aos outros jovens”, para não cair no ‘egoísmo’ ou nos ‘grupos restritos'”.
O Papa alertou sobre o risco de cair na tentação do voltar-se para si mesmos, de se fecharem no seu mundo, nos grupos restritos, nas redes sociais virtuais. “É melhor preferir amizades reais, não virtuais, que são ilusórias e aprisionam vocês, separando-os da realidade.”
Risco de hoje: não ter raízes
Outro aspecto que Francisco sugeriu aos coroinhas foi o da relação com os idosos, pois é “preciosa” para conselhos e experiências. “Muitas vezes são eles que o acompanham à missa e falam com vocês de Deus. Os idosos são um recurso necessário para sua maturidade humana.”
Hoje, corre-se o risco de não saber mais de onde vem, de perder as raízes, perder a orientação, ressaltou o Pontífice. “Digam-me, como vocês pensam construir seu futuro, planejar sua vida, se não têm raízes fortes que os ajudem a permanecer de pé e ligado à terra?”.
Segundo o Papa, é fácil “voar para longe” quando não se tem onde ficar, onde se fixar. “Procurem suas raízes, aprendam a conhecer e amar sua cultura, sua história, para dialogar na verdade com aqueles que são diferentes de vocês, orgulhando do que vocês são e respeitando o que os outros são.”
Construir bases sólidas para uma vida que “cresce em Cristo”: esta é a idade justa, explicou o Papa aos ministrantes, convidando-os a olhar para os seus corações. “Não desistam dos sonhos e não tenham medo de responder ao chamado do Senhor se o serviço ao Altar o despertar. Não tenham medo! Alimentem esse chamado em seu coração, e um dia, tenham a coragem de falar sobre isso com alguém em quem vocês confiam.”
Por fim, o Papa ressaltou como é bonito ver jovens comprometidos generosamente com o Reino de Deus, a serviço da Igreja. Recordou, então, a entrega de Maria que, desde menina, tinha sonhos e projetos, mas “ao chamado de Deus, se fez serva com o seu ‘sim’ generoso, fecundo e alegre”.