Francisco falou nesta quinta-feira, 13, aos cerca de 150 novos bispos que participam de um curso em Roma, sobre a missão da Igreja no mundo
Da redação, com Vatican News
Em discurso, na Sala do Consistório, no Vaticano, Papa Francisco voltou a falar na manhã desta quinta-feira, 13, sobre a missão da Igreja no mundo: “Este é o objetivo da Igreja: distribuir no mundo este vinho novo que é Cristo. Nada pode nos desviar dessa missão”, sublinhou. O discurso foi dirigido aos cerca de 150 novos bispos que participam de um curso em Roma, promovido pela Congregação para os Bispos, que termina nesta quinta-feira.
O Santo Padre iniciou discurso saudando os novos pastores da Igreja e os relembrou do presente precioso de Deus que receberam ao entrar no ministério episcopal. “Vocês não são resultado de um escrutínio meramente humano, mas de uma escolha do Alto. Por isso, de vocês se exige não uma dedicação intermitente, uma fidelidade em fases alternadas, uma obediência seletiva, mas vocês são chamados a se consumar noite e dia”, frisou.
A Igreja tem a necessidade, de acordo com o Pontífice, de ficar sempre vigilante quando a luz desaparece, quando surgem as tentações, e de ser fiel quando diminuem as forças da perseverança. “O povo de Deus tem o direito de encontrar nos lábios, no coração e na vida dos bispos a mensagem tão esperada oferecida pela paternidade de Deus. A Igreja não é nossa, mas é de Deus! Ele veio antes de nós e estará depois de nós! O destino da Igreja, do pequeno rebanho, é vitoriosamente escondido na cruz do Filho de Deus”, explicou.
O Pontífice frisou também a necessidade do Evangelho ser o nutrimento, principalmente para as famílias que frequentam as paróquias. “Lá, onde nos corações há a frágil, mas indestrutível certeza que a verdade prevalece, que amar não é vão, que o perdão tem o poder de mudar e de reconciliar, que a unidade vence sempre a divisão, que a coragem de esquecer si próprio para o bem do outro é mais satisfatório do que a primazia intangível do eu”, comentou o Papa
O ministério do bispo deve ser perseverante mesmo diante das próprias comunidades dos bispos, afirmou o Papa que sublinhou a necessidade do crescimento do bem perante as novas realidades do individualismo e indiferença que bloqueiam os pontos de referência do Povo de Deus.
A missão de distribuir o vinho novo aos fiéis
“Temos necessidade contínua de odres novos (Mc 2,22), e tudo aquilo que fazemos não é nunca suficiente para nos tornar dignos do vinho novo que são chamados a conter e a distribuir. Mas, justamente por isso, os recipientes saibam que sem o vinho novo serão, de qualquer forma, jarros de pedra fria, capazes de recordar a falta, mas não de doar a totalidade. Nada os distraia dessa meta: doar a totalidade!”, exortou Franscisco.
Aos novos bispos, o Santo Padre enfatizou que a santidade – consciente — não deve ser fruto do isolamento. Aconselhou que os bispos acolham a Igreja, como esposa para amar, virgem para proteger, mãe para fazer fecunda, num terreno que precisa ser fértil para a semente do Verbo e jamais pisado por javalis (Sal 80,14).
“Não serve a contabilidade das nossas virtudes, nem um programa de levantamentos, uma academia de esforços pessoais ou uma dieta que se renova de uma segunda-feira a outra, como se a santidade fosse resultado somente da vontade. A fonte da santidade é a graça de nos encostarmos na alegria do Evangelho e deixar que seja ela a invadir a nossa vida, de modo que não se poderá mais viver diversamente”, comentou.
Por fim, o Pontífice alertou os bispos para que se perguntem o que podem fazer para tornar mais santa a Igreja, sem apontar o dedo nos outros, produzir bodes expiatórios, mas trabalhando juntos e em comunhão.
“Peço uma atenção especial ao clero e aos seminários. Não podemos responder aos desafios que temos em relação a eles sem atualizar os nossos processos de seleção, acompanhamento, análise. Mas as nossas respostas serão privadas de futuro se não alcançarão a profundeza espiritual que, não em poucos casos, permitiu fraquezas escandalosas”, frisou Francisco.
Três cursos para bispos em Roma
O curso para os novos bispos, que teve como tema “Servidores da alegria do Evangelho”, é um dos três de atualização que estão sendo realizados nestes dias em Roma, além daquele para quem completou 10 anos de episcopado e de outro para 74 pastores dos Territórios de Missão – promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O curso da Congregação para os Bispos acontece a cada seis meses.