Responsabilidade

Papa ao Fórum de Davos: a IA deve estar a serviço da dignidade humana

Francisco destaca que governos e empresas devem exercer a devida diligência e vigilância no gerenciamento da IA para que seu uso favoreça as pessoas

Da Redação, com Vatican News

Foto: Canva Pro

O Papa Francisco reitera a necessidade de ética no uso da inteligência artificial, pedindo que governos e empresas sejam diligentes e vigilantes com a tecnologia em prol da dignidade humana. Esse é o teor da sua mensagem ao 55º Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, desde a última segunda-feira, 20, até amanhã, 24.

A inteligência artificial é um dos principais temas de debate desta edição do Fórum. Participam do evento líderes globais, ministros da área econômica, CEOs de grandes empresas e economistas. O Pontífice se faz presente com uma mensagem enviada nesta quinta-feira, 23.

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O Papa aborda, em sua mensagem, “o dom da inteligência” que, segundo a tradição cristã, é considerado um aspecto fundamental da pessoa humana criada à imagem de Deus. Ao mesmo tempo, a própria Igreja Católica sempre apoiou o avanço da ciência, da tecnologia, das artes e de outras formas de iniciativas do homem.

A IA foi projetada para “imitar” essa inteligência humana, observa o Papa, o que levanta uma série de questões e desafios. Sobretudo, o Pontífice enfatiza a responsabilidade ética, a segurança humana e as implicações mais amplas de tais desenvolvimentos para a sociedade.

Uma conquista tecnológica se usada corretamente

Francisco reconhece a IA como “uma extraordinária conquista tecnológica”, mas que imita “resultados associados à inteligência humana” através de uma escolha técnica. Isso é diferente do ser humano, que não apenas escolhe, mas, em seu coração, é capaz de decidir.

O Pontífice expressa, então, que a IA deve ser ordenada para a pessoa humana, uma vez que, usada corretamente, pode ajudá-la a realizar sua vocação, em liberdade e responsabilidade. Mas existe o perigo de que ela seja usada para promover o “paradigma tecnocrático”, com a ideia de que todos os problemas do mundo possam ser resolvidos somente por meios tecnológicos. Nesse paradigma, a dignidade e a fraternidade humana são frequentemente subordinadas à busca da eficiência” e, dessa forma, do poder tecnológico e econômico.

“Entretanto, a dignidade humana jamais deve ser violada em favor da eficiência. Os desenvolvimentos tecnológicos que não melhoram a vida de todos, mas que, em vez disso, criam ou aumentam as desigualdades e os conflitos, não podem ser definidos de verdadeiro progresso. Portanto, a IA deve ser colocada a serviço de um desenvolvimento mais saudável, mais humano, mais social e mais integral.”

Respostas adequadas

O lema da edição deste ano do Fórum de Davos, “Colaborando para a Era Inteligente”, reforça o foco em tecnologias emergentes – como a IA generativa, por exemplo (a tecnologia por trás do ChatGPT) – que trazem tanto oportunidades quanto desafios. Um dos maiores exemplos desses desafios são os impactos no mercado de trabalho.

Como acontece com muitas tecnologias, o Papa considera que os efeitos de diferentes usos da IA podem nem sempre ser previsíveis desde o início. Francisco, então, enaltece a importância de adotar “respostas adequadas” para o impacto social da aplicação da IA desde os usuários individuais até as organizações internacionais, redescobrir os valores das comunidades e renovar o compromisso com o cuidado da casa comum.

“Para gerenciar as complexidades da IA, os governos e as empresas devem exercer a devida diligência e vigilância. Eles devem avaliar em modo crítico as aplicações individuais da IA em contextos específicos para determinar se o seu uso promove a dignidade humana, a vocação da pessoa humana e o bem comum.”

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