O fechamento é a raiz de tantos males na história, diz o Papa no Angelus de hoje, convidando os fiéis à abertura ao próximo
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
“Não” ao fechamento, raiz de tantos males na história, mas sim comunidades acolhedoras, onde há lugar para todos. Este é o pedido do Papa Francisco no Angelus deste domingo, 26, na Praça São Pedro.
A reflexão de Francisco partiu do Evangelho do dia. Um breve diálogo entre Jesus e o apóstolo João. O apóstolo fala de um homem que expulsava o demônio em nome do Senhor, e o impediram de fazê-lo porque não fazia parte do grupo deles. O Papa recordou o que disse Jesus a respeito: convidou a não dificultar os que fazem o bem porque contribuem para a realização do plano de Deus.
As palavras de Jesus falam de uma tentação e oferecem uma exortação, explicou o Pontífice. A tentação é aquela do fechamento. “Cada fechamento mantém à distância os que não pensam como nós. Isto – como sabemos – é a raiz de tantos males da história: do absolutismo que muitas vezes gerou ditaduras e de tanta violência contra aqueles que são diferentes”.
A tentação do fechamento na Igreja
O Santo Padre alertou sobre a tentação do fechamento também na Igreja. O diabo quer a divisão, insinua suspeitas para dividir e excluir.
“Às vezes nós também, em vez de sermos comunidades humildes e abertas, podemos dar a impressão de sermos ‘os melhores da classe’ e manter os outros à distância; em vez de tentar caminhar com todos, podemos exibir nossa ‘licença de crentes’: ‘eu sou crente’, ‘eu sou católico’, ‘eu pertenço a esta associação…’ e os outros não. Isso é um pecado. Exibir a ‘licença de crentes’ para julgar e excluir”.
Francisco rezou para que se supere a tentação de julgar e catalogar. O fechamento arrisca fazer das comunidades cristãs lugares de separação, não de comunhão. “O Espírito Santo não quer fechamento; quer abertura, comunidades acolhedoras onde haja lugar para todos”.
Em vez de julgar os outros, olhar a si próprio
O Papa falou, por fim, sobre a exortação que Jesus faz neste Evangelho: em vez de julgar, olhar para nós mesmos. “De fato, o risco é aquele de sermos inflexíveis com os outros e indulgentes para conosco”, ressaltou o Pontífice.
Jesus exorta, então, a não compactuar com o mal. Se algo em nós é motivo de escândalo, é preciso cortá-lo. “Jesus é radical nisto, exigente, mas para nosso bem, como um bom médico. Cada corte, cada poda, é para crescer melhor e dar frutos no amor”.
Francisco concluiu com uma indagação aos fiéis: “O que em mim contrasta com o Evangelho? O que, concretamente, Jesus quer que eu corte da minha vida?”. E pediu que a Virgem Maria nos ajude a sermos acolhedores com os outros e vigilantes com nós mesmos.