Em discurso aos participantes da conferência “A Santidade Hoje”, Papa voltou a falar sobre “os santos da porta ao lado” e a santidade na vida cotidiana
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A santidade não é “ginástica espiritual”, mas antes de tudo a experiência de ser amado por Deus. Palavras do Papa Francisco ao receber em audiência nesta quinta-feira, 6, os participantes da Conferência de Estudo “A Santidade Hoje”, promovida pelo departamento vaticano para as Causas dos Santos. O evento começou na segunda-feira, 3, e termina hoje.
Ao longo desses dias de encontro, foram várias as apresentações de expoentes do mundo teológico, científico, cultural e midiático. O tema dos trabalhos esteve em sintonia com a exortação do Papa Francisco sobre a santidade, publicada em 2019: Gaudete et Exsultate .
Francisco recordou que já estava no coração do Concílio Vaticano II esse chamado à santidade. E também hoje é importante descobrir a santidade no povo santo de Deus, em seus afazeres do cotidiano. “São os santos ‘da porta ao lado’, que todos conhecemos”, frisou.
A essência da santidade
“A santidade, de fato, não é um programa de esforços e renúncias, não é fazer ‘ginástica espiritual’, não, é outra coisa; é, antes de tudo, a experiência de ser amado por Deus, de receber gratuitamente o seu amor, a sua misericórdia.”
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O Santo Padre citou alguns exemplos aos presentes: o beato João Paulo I, modelo de santidade rica de bom humor; o beato Carlo Acutis, modelo de alegria cristã; ou ainda São Francisco de Assis. “A santidade brota da vida concreta das comunidades cristãs. Os santos não vêm de um ‘mundo paralelo’; são crentes que pertencem ao povo fiel de Deus e estão inseridos no cotidiano feito de família, estudo, trabalho, vida social, econômica e política”.
Nesse contexto, é importante que cada Igreja particular esteja atenta para colher e valorizar os exemplos de vida cristã, para reconhecer esses modelos de santidade, pontuou o Papa. “Os fiéis, de fato, são dotados da graça divina de uma inegável percepção espiritual para identificar e reconhecer, na existência concreta de alguns batizados o exercício heroico das virtudes cristãs”.
Fama de santidade
Francisco observou que a fama de santidade não provém, primariamente, da hierarquia, mas dos fiéis, ou seja, da opinião comum e difusa entre os fiéis sobre a integridade de vida duma pessoa. Mas é necessário, ressaltou o Pontífice, verificar que tal fama de santidade seja espontânea, estável, duradoura e difusa numa parte significativa da comunidade cristã.
Também os meios digitais podem favorecer o conhecimento da vida evangélica de um candidato à beatificação ou canonização. Mas também aqui cabe uma ressalva: o risco de forçamento e mistificação ditados por interesses pouco nobres. “É preciso, portanto, um discernimento sábio e perspicaz de todos aqueles que se ocupam da qualidade da fama de santidade”.
Santidade e bom humor
Um último aspecto citado pelo Papa em seu discurso foi o senso de humor, um ponto que também está em sua exortação apostólica. “Saber aproveitar a vida com senso de humor, porque tomar a parte da vida que te faz rir, isso alivia a alma.”
O Santo Padre recomendou aos presentes uma oração que ele reza todos os dias há mais de 40 anos, oração atribuída a São Tomás Moro e que está em sua exortação sobre a santidade (na nota 101 do documento). O santo já dizia que “um santo triste é um triste santo”.
“Desejo que os aprofundamentos da conferência possam ajudar a Igreja e a sociedade a captar os sinais de santidade que o Senhor não cessa de suscitar, às vezes até das formas mais inesperadas”, concluiu.