Em carta, Francisco encoraja associações que trabalham por reparar danos produzidos pelas máfias
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco enviou mensagem a uma delegação chamada “Libera”. A instituição é comprometida desde 1995 contra as máfias e a favor da justiça social. A “Libera” é presente em todo o território italiano.
A associação esteve na semana passada na Argentina para promover o projeto “Bien Restituido”. O projeto trata sobre a reutilização social de bens confiscados. A carta foi escrita em espanhol e datada de 25 de março. A mensagem foi lida pelo fundador Luigi Ciotti da “Libera”, durante um congresso sobre o tema.
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Na carta, o Pontífice se disse feliz pelo trabalho que a Argentina está fazendo em sinergia com a União Europeia, de modo particular na luta contra o crime organizado. Para Francisco essa colaboração é essencial para superar esse tipo de associação ilegal, que não conhece fronteiras e se beneficia dos conflitos entre os povos e do mau funcionamento das instituições.
A ação judicial e processual contra esse tipo de crime é normalmente focada em “repressão e punição, e é uma perspectiva limitada que deixa o caminho inacabado”. O Santo Padre ainda sugeriu que a Itália tem muito a oferecer à sociedade no sentido de ajudar a inverter os mecanismos que produzem a proliferação de associações ilegais, a partir de sua própria experiência.
Exemplo Virtuoso
Segundo o Papa, a reutilização dos bens confiscados é um exemplo virtuoso de restauração e pacificação através da ação coletiva. O Pontífice destaca que para o estado é uma oportunidade para voltar o olhar ao seu povo, criando oportunidades onde não existia antes.
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“É também uma oportunidade para o Estado assumir a sua responsabilidade e reconhecer a sua omissão; porque um Estado que só olha para si mesmo, se confunde e se perde”, declarou.
Danos Sociais
Na carta, o Santo Padre alertou que o crime organizado produz danos sociais em larga escala: “Gera vítimas visíveis e invisíveis, portadoras de um sofrimento que deve ser ouvido e reparado”.
Francisco escreveu que um congresso internacional para debater esse tema pode auxiliar na busca por “soluções práticas que ajudem a reparar” esses danos causados à sociedade.
Dessa forma, a justiça pode adquirir espaço, para que possa ser ampliada, criar raízes e ocupar “o espaço que de outra forma é ocupado pela injustiça”, concluiu o Papa.
Ao comentar as palavras do Pontífice, o fundador da associação “Libera”, afirmou que o Santo Padre está falando à Itália, mas também se dirigindo a todos os Estados. Assim, estimula a ação e o pensamento da Igreja que deve se inovar conceitualmente sobre isso.
“As máfias são mundiais, mas há um importante reconhecimento à Itália, país onde nasceram, em grande parte, as máfias, mas também o país onde nasce a Antimáfia”, destacou Ciotti.