SEMANA MAIOR

Papa na Missa do Domingo de Ramos: com Jesus nunca é tarde demais

Presidindo a liturgia do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, o Sucessor de Pedro nos encoraja a caminhar rumo à Páscoa com o perdão de Deus

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante celebração do Domingo de Ramos, na Praça São Pedro / Foto: Reprodução Reuters

Com Jesus, nunca é tarde demais. Com Ele, as coisas nunca acabam. O Papa Francisco fez esta observação durante sua homilia no Domingo de Ramos, insistindo que não importa quão terrível seja a situação, nunca é tarde demais para recomeçar, pois o Senhor espera por nós com Sua misericórdia.

O Papa presidiu a liturgia do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor na Praça de São Pedro, marcando a primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus que o Santo Padre pôde liderar a celebração entre numerosos fiéis mascarados ao ar livre, e não de dentro da Basílica de São Pedro. A Basílica de São Pedro teve seus assentos limitados a fim de proteger os fiéis contra o contágio.

“Salva-te a ti mesmo”, o refrão da humanidade

Já na sua homilia, comentou o Evangelho da Paixão do Senhor. Em especial, uma frase repetida como um refrão: “Salva-te a ti mesmo”.

No calvário, confrontam-se duas mentalidades, disse o Papa: a de Deus e a do mundo:

“Salvar-se a si mesmo, olhar por si mesmo, pensar em si mesmo; (…) ter, poder e aparecer. Salva-te a ti mesmo é o refrão da humanidade, que crucificou o Senhor.”

Mas à mentalidade do “eu”, opõe-se a de Deus; o “salva-te a ti mesmo” se transforma em oferecer-se a Si mesmo. Em nenhum momento, Jesus reivindica qualquer coisa para Si. Pelo contrário, diz: “Perdoa-lhes, Pai”. E pronuncia estas palavras no momento da crucifixão, quando sente os cravos perfurar seus pulsos e pés.

É assim que Deus procede conosco, explicou Francisco. Quando Lhe provocamos dor com as nossas ações, Ele sofre e o único desejo que tem é poder perdoar-nos. Para entender isto, é preciso contemplar o Crucificado. É das suas chagas que brota o perdão.

O amor aos inimigos: o mandamento mais difícil

No momento da crucificação, prosseguiu o Papa, Jesus vive o seu mandamento mais difícil: o amor aos inimigos. Jesus nos ensina a romper o círculo vicioso do mal, mas nós, discípulos, “seguimos o Mestre ou o nosso instinto rancoroso? Se queremos verificar a nossa pertença a Cristo, vejamos como nos comportamos com quem nos feriu”.

Ao pedir perdão ao Pai, Jesus acrescenta uma frase: “porque não sabem o que fazem”. Ele é o nosso advogado, não Se coloca contra nós, mas por nós contra o nosso pecado. “Não sabem o que fazem” quem usa a violência, quem comete absurdas crueldades.

“Vemo-lo na loucura da guerra, onde se torna a crucificar Cristo. Sim, Cristo é pregado na cruz mais uma vez nas mães que choram a morte injusta de maridos e filhos. É crucificado nos refugiados que fogem das bombas com os meninos no braço. É crucificado nos idosos deixados sozinhos a morrer, nos jovens privados de futuro, nos soldados mandados a matar os seus irmãos.”

O Papa concluiu convidando os fiéis, nesta Semana Santa, a se abrirem à certeza de que Deus pode perdoar todo pecado, à certeza de que, com Jesus, há sempre lugar para mais um.

“Nunca é tarde demais; com Deus, sempre se pode voltar a viver. Coragem! Caminhemos para a Páscoa com o seu perdão. Porque Cristo intercede continuamente por nós junto do Pai (cf. Heb 7, 25) e, olhando para o nosso mundo violento e ferido, não Se cansa de repetir: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”.

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