Bispo da cidade de Rumbek discute a recente viagem apostólica do Papa Francisco ao Sudão do Sul e pede que os católicos tenham “coragem para dialogar”
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco acaba de retornar de sua viagem apostólica pela paz ao Sudão do Sul. O periódico eletrônico Vatican News conversou com o bispo da diocese de Rumbek, capital de Lagos, no Sudão do Sul, acerca desta peregrinação pela paz posta em prática pelo Sucessor de Pedro.
O bispo Christian Carlassare, um italiano, vive no Sudão do Sul desde 2005, onde lidera a diocese de Rumbek, discutiu a importância da colaboração das diversas igrejas no país, a necessidade de educaçãos para os mais jovens e o papel do comércio internacional de armas na escalada deste quadro.
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Questionado sobre o porquê Francisco ter realizado neste momento ao Sudão do Sul, a nação mais jovem do mundo, o bispo explicou que este gesto ofereceu suporte a um povo acostumado ao sofrimento contínuo. “Eles encontraram no Papa uma pessoa que sempre falava do Sudão do Sul, rezando pelo Sudão do Sul, e sentiram que além da comunidade internacional e da ajuda humanitária, na verdade, o maior apoio em seu sofrimento era a oração deste homem santo, o Santo Padre, Papa Francisco, e a presença da Igreja entre eles”, disse.
Presenças ilustres
Muitas pessoas também ficaram impressionadas com a presença do arcebispo de Canterbury e do Moderador da Igreja da Escócia. “É realmente impressionante que haja esta visita conjunta destes líderes e é, direi providencial. É um grande presente”, observou dom Carlassare. “No país há um compromisso comum de todas as Igrejas, por meio do Conselho de Igrejas do Sudão do Sul, e há comunhão não só entre as Igrejas protestantes, mas também a Igreja Católica tem desempenhado um papel muito importante”, disse.
O diálogo entre estas instituições, segundo o arcebispo, especialmente aquelas em que há conflitos, foi fundamental nesta viagem apostólica promovida por Francisco. “Digamos que [essas instituições] têm promovido o diálogo onde quer que haja conflitos ou tensões, acalmando a situação e lembrando a todos estes intervenientes a realidade e o sofrimento do povo”, afirmou.
Projetos
O arcebispo Carlassare explicou ainda que sua diocese é construída por pilares. O primeiro deles é a evangelização. “Colocamos os jovens no centro, no sentido de que precisam de formação e atividades catequéticas para se envolverem na vida da comunidade”, detalhou.
O segundo pilar promovido pelo arcebispo é a educação — e isso num país em que apenas 20% das crianças têm acesso à escola primária e cerca de 6% à escola secundária. “É realmente vital dar a oportunidade ao maior número possível de jovens, para que possam obter uma educação que seja realmente a ferramenta para eles de libertação, libertação de qualquer manipulação, libertação daquilo que os impede de realmente realizar sua vida”.
Para o cardeal, é essencial aos católicos no país manterem a coragem. “Tenha a coragem de dialogar, em vez de ser agressivo com os outros. Tire da oração e dos sacramentos e a bênção que recebemos desta visita, e pegue esse otimismo, essa fé, e use-a para superar os obstáculos, porque não há obstáculo que não possa ser superado”, finalizou.