Evangelho deste domingo, 29, serviu de inspiração para o exame de consciência provocado por Francisco quanto ao desperdício de alimentos
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Na manhã deste domingo, 29, Papa Francisco chamou atenção dos fiéis quanto ao desperdício de alimentos. “Nunca jogar fora a comida que sobra”, pediu o Santo Padre. O tema foi desenvolvido pelo Pontífice durante a sua tradicional reflexão que antecede a oração do Ângelus, e teve como inspiração o evangelho de hoje, que apresenta a história da multiplicação de pães e peixes, e a preocupação de Jesus para que nenhum alimento multiplicado fosse perdido.
O Santo Padre aproveitou a oportunidade para questionar os fiéis sobre o destino que eles costumam dar aos alimentos que sobram das refeições. “Cada um de nós pense: a comida que sobra no almoço, na janta, para onde vai? Na minha casa, o que se faz com a comida que sobra? Se joga fora?”, perguntou. Francisco recordou as pessoas que têm fome e pediu a todos que reutilizem os alimentos ou os dê para os que têm necessidade. “Este é um conselho e também um exame de consciência”, afirmou.
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Além da questão alimentar, o Papa refletiu sobre outros ensinamentos presentes no evangelho e recordou como aconteceu o milagre da multiplicação. Segundo o pontífice, Jesus ao ver a grande multidão que o seguiu perto do lago de Tiberíades, percebeu junto aos apóstolos que eles não possuíam dinheiro suficiente para alimentar aquela multidão. André, um dos doze discípulos, levou Jesus a um menino que havia oferecido tudo que tinha, cinco pães e dois peixes.
“Bravo rapaz! Ele, também ele, via a multidão; também via os cinco pães. Disse: “Mas eu tenho isto, se serve estão à disposição”. Este rapaz nos faz pensar um pouco em nós… Aquela coragem: os jovens são assim, têm coragem. Devemos ajudá-los a levar em frente esta coragem. (…) Com esta passagem do Evangelho, a liturgia nos leva a não desviar o olhar daquele Jesus que, no domingo passado, no Evangelho de Marcos, vendo “uma grande multidão, teve compaixão deles”. Também aquele rapaz dos cinco pães entendeu esta compaixão, e disse; “Ah, pobre gente…. Eu tenho isto”. A compaixão o levou a oferecer o que tinha”, comentou.
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De acordo com Francisco, a partir da doação do rapaz, Jesus ordenou aos discípulos que fizessem as pessoas sentarem, pegou os pães e peixes, deu graças ao Pai, os distribuiu e todos puderam comer e ter saciedade. “Para as multidões, Jesus não se limitou a dar isto – ofereceu a sua Palavra, a sua consolação, a sua salvação e finalmente a sua vida – mas certamente fez também isso: cuidou da comida para o corpo”, observou.
Diante do exemplo de Jesus, o Pontífice reafirmou a postura que os cristãos, como discípulos de Cristo, devem ter. “Não podemos fazer de conta que não sabemos nada. Somente ouvindo as demandas mais simples das pessoas e colocando-se ao lado de suas situações existenciais concretas, se poderá ser escutados quando se fala de valores mais elevados”, pontuou.
O Papa prosseguiu reafirmando o amor de Deus pela humanidade e a Sua graça divina que nunca falha. “Jesus continua também hoje a satisfazer a fome, a tornar-se uma presença viva e consoladora, e faz isso através de nós. Portanto, o Evangelho nos convida para sermos disponíveis e atuantes, como aquele rapaz que se dá conta de ter cinco pães e diz: ‘Mas, eu dou isto, depois tu verás”, exortou.
Ao final da reflexão, Francisco convidou todos os presentes na Praça São Pedro, para que rezassem junto a ele, para que no mundo prevaleçam os programas dedicados ao desenvolvimento, à alimentação, à solidariedade e não àqueles do ódio, dos armamentos e da guerra.
Em uma síntese a sua reflexão, o Santo Padre pediu que duas coisas não fossem esquecidas, a coragem do jovem que dá o pouco que tem para alimentar uma grande multidão e o exame de consciência: “O que você faz em casa com a comida que sobra?”, concluiu.
Depois do Angelus
Depois da oração do Ângelus, o Papa fez memória ao Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, data promovida pelas Nações Unidas e que será celebrada nesta segunda-feira, 30. “Este flagelo escraviza muitos homens, mulheres e crianças para fins de exploração laboral e sexual, tráfico de órgãos, mendicidade e delinquência forçada. Mesmo aqui, em Roma, as rotas de migração também costumam ser usadas por traficantes e exploradores para recrutar novas vítimas de tráfico. É responsabilidade de todos denunciar injustiças e se opor firmemente a esse crime vergonhoso”, afirmou.