Missa de Natal

Não são os bens que alimentam a vida, mas o amor, diz Papa

Na tradicional Missa de Natal, Papa destaca modelo de vida com o nascimento de Jesus: partilha e doação

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco diante da imagem do Menino Jesus na Missa de Natal / Foto: REUTERS/Max Rossi

“Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer?”. Esse foi um dos questionamentos levantados pelo Papa Francisco na Missa de Natal. A celebração eucarística foi presidida pelo Santo Padre nesta segunda-feira, 24, na Basílica Vaticana, e atentou sobre o estilo de vida baseado na partilha e doação.

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.: Íntegra da homilia do Papa Francisco

Em sua homilia, Francisco recordou o significado do nome Belém, a cidade onde Jesus nasceu: “casa do pão”. “Hoje, nesta ‘casa’, o Senhor marca encontro com a humanidade. Sabe que precisamos de alimento para viver. Mas sabe também que os alimentos do mundo não saciam o coração”.

O Santo Padre mencionou que na Sagrada Escritura o pecado original aparece associado ao ato de tomar alimento. A partir disso, analisou que o homem se tornou ávido e voraz, sendo que muitos veem o sentido da vida como possuir. “Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje em que alguns se banqueteiam lautamente enquanto muitos não têm pão para viver”.

Ao contrário, Deus nasce numa manjedoura e não agarra, mas oferece de comer; não dá uma coisa, mas a Si mesmo. “O corpo pequenino do Menino de Belém lança um novo modelo de vida: não devorar e acumular, mas partilhar e dar. Deus faz-Se pequeno, para ser nosso alimento. Nutrindo-nos d’Ele, Pão de vida, podemos renascer no amor e romper a espiral da avidez e da ganância”.

“Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar”, acrescentou.

Francisco lembrou ainda que, em Belém, descobre-se que a vida de Deus corre nas veias da humanidade. Ao acolhê-la, a história muda a partir de cada um, de forma que o centro da vida já não é mais o “eu” egoísta, mas o próprio Deus, que nasce e vive por amor.

“Nesta noite, chamados a ir até Belém, casa do pão, interroguemo-nos: Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer? Depois, entrando na gruta, ao vislumbrar na terna pobreza do Menino uma nova fragrância de vida, a da simplicidade, perguntemo-nos: Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples?”. 

Outro ponto abordado pelo Papa na homilia são os pastores que acolhem Jesus. O Santo Padre recorda o exemplo deles, que mostra como também hoje os fiéis podem ir ao encontro do Senhor. “Permanecem vigilantes; aguardam, acordados, na escuridão; e a glória de Deus «refulgiu em volta deles» (Lc 2, 9). O mesmo vale para nós. (…) O Senhor gosta de ser aguardado e não é possível aguardá-Lo no sofá, dormindo. De facto, os pastores movem-se (…) Não ficam parados como quem sente ter chegado a casa e não precisa de nada; mas partem, deixam o rebanho indefeso, arriscam por Deus”.

Francisco concluiu a homilia ressaltando que o caminho ao encontro do Senhor ainda hoje é difícil: “é preciso superar os cumes do egoísmo, evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo”. “Toma-me sobre os teus ombros, bom Pastor: amado por Ti, conseguirei também eu amar tomando pela mão os irmãos”.

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