Paixão do Senhor

Na Sexta-feira da Paixão, Cantalamessa questiona a verdade

Na Celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa, presidida pelo Papa Francisco, o cardeal Raniero Cantalamessa convida os cristãos a refletir sobre Jesus — a verdade — e a se apegar a Cristo, que nunca passa de nosso mundo em mudança

Nathália Cassiano,
Da Redação

Papa Francisco celebra Missa do Crisma na Basílica de São Pedro, no Vaticano / Foto: Remo Casilli – Reuters

Nesta Sexta-feira Santa, o Papa Francisco presidiu a celebração da Paixão do Senhor no altar da Cátedra da Basílica Vaticana. A homilia, seguindo a tradição, foi realizada pelo pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, e teve como foco a verdade.

O cardeal deu início à homilia mencionando a narrativa da Paixão segundo o Evangelista João e o diálogo de Jesus com Pilatos. O cardeal destacou que gostaria de refletir sobre esta história antes de prosseguir com a liturgia.

“Tudo começa com a seguinte pergunta de Pilatos a Jesus: ‘Tu és o rei dos judeus?’”, disse o cardeal.

Jesus quer fazer Pilatos entender que a pergunta é mais séria do que pensa, mas que existe um significado quando repete a acusação apenas de outros. Por isso pergunta: “Dizes isto por ti mesmo ou outros te disseram isto?”

Jesus procura conduzir Pilatos a uma visão superior, pois afirma que seu Reino não é deste mundo. O  procurador entende apenas uma coisa: que não se trata de um reino político. E ainda indaga com ironia: “Então tu és Rei?”, no que Jesus responde: “Tu o dizes que sou o Rei”.

O mistério que vislumbra nas palavras de Jesus causa medo em Pilatos que prefere findar o diálogo. Em seguida, murmura em seu interior: O que é a verdade? E deixa o pretório.

Cardeal Raniero Cantalamessa durante a Celebração da Paixão do Senhor / Foto: Reprodução Youtube

A verdade 

O cardeal explicou que o homem deixa de se perguntar o que de fato é a verdade. Explica que, pela internet, tem acompanhado vários debates sobre religião e ciência, sobre fé e ateísmo e, num determinado momento, o que chama sua atenção é que o nome de Jesus não é mencionado.

A palavra de Deus se tornou um recipiente vazio, que o ser humano preenche ao seu bel prazer. O filho de Deus não é mais lembrado. As pessoas se acostumaram a olhar para si mesma e ficarem presas em seu próprio ego.

Mas Nosso Senhor é rico em bondade e por amor a humanidade se entrega novamente e resolve dar de si. O verbo divino se fez carne e habitou entre nós (Jo, 1,14-17).

A verdade permanece 

Irmãos, prosseguiu o cardeal, existem muitas injustiças, sofrimentos em um mundo vazio de Deus. O mal tem tomado conta do coração das pessoas e a fé fica vã e com isso a ressurreição não acontece.

“A Ressurreição é a promessa e a garantia de que haverá um triunfo que já se iniciou”, pontuou o cardeal.

Cantalamessa prossegue: “Se eu tivesse a coragem do Apóstolo Paulo, gritaria: ‘deixai-vos reconciliar com Deus, não desprezeis também vós a vida, não deixe a vida como Pilatos deixou no pretório'”, exaltou.

Raniero demonstra sua preocupação com a perca da verdade. As pessoas, principalmente os cristãos, as pessoas mais próximas de Jesus, têm cada vez mais se enganado sobre o que de fato é a verdade. 

A Páscoa do Senhor 

“Este ano celebramos a Páscoa com o barulho de bombas, ataques não distantes daqui, momento oportuno para recordar as palavras de Jesus: Se não vos arrepender, perecereis todo do mesmo modo”, pontuou o cardeal, aludindo à guerra entre Ucrânia e Rússia.

Disse ainda que tudo nesse mundo passa e a Páscoa também é uma passagem. E orientou os fiéis para que todos vivam uma verdadeira Páscoa de coração até que o momento da Páscoa definitiva chegue.

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