Em encontro com a Delegação da Organização das Igrejas Institucionais Africanas, Francisco pediu compromisso com a paz
Da redação, com Boletim da Santa Sé
“Em que sentido a mensagem cristã é uma boa notícia para os povos da África?”. Papa Francisco respondeu a esta pergunta na manhã deste sábado, 23, quando recebeu, pela primeira vez, em audiência no Vaticano a Delegação da Organização das Igrejas Institucionais Africanas. “Contra o desespero dos pobres, a frustração dos jovens, o grito de dor dos idosos e dos sofredores, o Evangelho de Jesus Cristo, transmitido e vivido, traduz-se em experiências de esperança, paz, alegria, harmonia, amor e unidade”, respondeu o Pontífice.
Marcada pela luta e esforços para criar sociedades caracterizadas pela justiça e pela paz, a Delegação é para o Santo Padre capaz de defender a dignidade da grande variedade dos povos africanos. A realidade do continente ainda está longe da paz, reconheceu Francisco, que afirmou conhecer bem os desafios que a África enfrenta, bem como os que se encontram com as diferentes Igrejas na sua missão de evangelização, reconciliação e ajuda humanitária.
“A África de hoje tem sido comparada àquele homem que desceu de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos bandoleiros, que o despiram, espancaram e saíram deixando-o meio morto (cf. Lc 10,30-37)”, afirmou o Santo Padre em analogia a atual situação do continente africano. Diante da realidade, o Pontífice afirmou que ao acreditar que os problemas da África podem ser mais facilmente resolvidos recorrendo aos recursos humanos, culturais e materiais do continente, então a tarefa cristã é acompanhar todos os esforços para promover um uso sábio e ético desses recursos.
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São muitos os problemas da África, logo, Francisco demonstrou seu particular compromisso em promover processos de paz nas várias áreas de conflito. “É urgente”, comentou. “Há uma necessidade urgente de formas concretas de solidariedade com os necessitados, e é tarefa dos líderes da Igreja ajudar as pessoas a reunir as suas energias para as colocar ao serviço do bem comum e, ao mesmo tempo, defender a sua dignidade, a sua liberdade, seus direitos. Há mais necessidade do que nunca para todos os cristãos aprenderem a trabalhar juntos para o bem comum”, suscitou.
Francisco relembrou o profundo senso religioso dos povos da África com relação ao sentido da existência de um Deus criador e um mundo espiritual. “Família, amor pela vida, filhos vistos como um presente de Deus, respeito pelos idosos, deveres para com os vizinhos e para os distantes … Esses valores religiosos e os princípios da vida não pertencem a todos nós cristãos? Podemos, portanto, a partir deles, expressar nossa solidariedade nas relações interpessoais e sociais”, pediu o Santo Padre, que elencou como uma tarefa especial dos cristãos nas sociedades africanas promover a coexistência de grupos étnicos, tradições, línguas e religiões. “Tarefa que muitas vezes encontra obstáculos decorrentes de hostilidade mútua”, declarou.
“Gostaria de encorajar um encontro ecumênico e um diálogo mais intensos entre nós e todas as outras Igrejas. Que o Espírito Santo nos ilumine para que possamos encontrar formas de promover a colaboração entre todos — cristãos, religiões tradicionais, muçulmanos — por um futuro melhor para a África”, solicitou o Papa. Por fim, o Santo Padre agradeceu novamente a visita e afirmou esperar que os dias em Roma, a cidade mártir dos Apóstolos Pedro e Paulo, ajude a Delegação a tornar forte o desejo da Igreja Católica de fazer todo o possível, juntamente com seus parceiros ecumênicos, para promover o Reino de justiça, paz e de fraternidade que Deus quer para toda a humanidade.