AUDIÊNCIA COM RELIGIOSOS

Manter impulso da gratuidade sempre vivo e pulsante, pede Papa

Ao receber religiosos de quatro diferentes congregações, Francisco refletiu sobre discernimento, formação e caridade na vida consagrada

Da Redação, com Vatican News

Foto: Alessia Giuliani/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Nesta segunda-feira, 12, o Papa Francisco recebeu, em audiência, os participantes dos Capítulos Gerais das Irmãs Missionárias Dominicanas de São Sisto, das Irmãs da Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs da Apresentação de Maria e da Sociedade das Divinas Vocações, comumente conhecidos como Padres Vocacionistas.

O Pontífice destacou que o Capítulo de uma ordem religiosa é “um momento para escutar o Espírito Santo, para continuar a fazer florescer, hoje, as inspirações carismáticas dadas um dia aos seus fundadores”. Neste contexto, falou sobre três dimensões existenciais e apostólicas da vida religiosa: discernimento, formação e caridade.

Redescobrir o gosto e a beleza de decidir

Sobre o primeiro aspecto, o Santo Padre afirmou que o discernimento relaciona-se diretamente com a liberdade humana. “É um trabalho fatigoso, de ouvir o Senhor, a si mesmo e aos outros”, expressou, acrescentando que “é também um tempo fatigoso de oração, de meditação, de espera paciente e, depois, de coragem e sacrifício, para tornar concreto e operacional o que Deus, sem nunca impor Sua vontade sobre nós, sugere ao nosso coração”.

“Ao mesmo tempo, porém”, prosseguiu, “é também uma grande experiência de felicidade, porque ‘tomar uma boa decisão, uma decisão acertada’ dá alegria”. O Santo Padre reconheceu que “o nosso mundo tem uma grande necessidade de redescobrir o gosto e a beleza de decidir, especialmente no que diz respeito às escolhas definitivas, que determinam uma virada decisiva na vida, como a escolha vocacional”.

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Neste contexto, Francisco enfatizou que os pais devem ajudar os jovens a compreender que ser livre não significa permanecer em uma encruzilhada, sem nunca tomar um caminho. “Ser livre significa apostar no caminho, com inteligência e prudência, claro, mas também com audácia e espírito de renúncia, para crescer e progredir na dinâmica do dom, e ser feliz, amando segundo o projeto de Deus”, observou.

Reconhecer-se em formação

Passando para o segundo aspecto, o Papa refletiu sobre a formação. Ele indicou que “a vida religiosa é um percurso de crescimento na santidade que abraça toda a existência e no qual o Senhor molda constantemente o coração daqueles que escolheu”. Neste sentido, recomendou a assiduidade na oração, relação pessoal com o Senhor, e também a vida sacramental e a adoração.

O Pontífice salientou que “Somente quem humilde e constantemente se reconhece ‘em formação’ pode esperar ser um bom ‘formador’ para os outros. A educação, em qualquer nível, é sempre, antes de tudo, compartilhar percursos e comunicar experiências, naquela alegre busca pela verdade, ‘que deixa o coração de todo homem inquieto até que encontre, habite e compartilhe a Luz de Deus com todos’”.

O Santo Padre sublinhou que, frente a essa realidade, a missão dos religiosos é decididamente profética diante de um contexto cultural marcado pela circulação de informações, mas pobre nas relações humanas. “Há uma necessidade urgente no nosso tempo de educadores que saibam tornar-se com amor companheiros de viagem das pessoas que lhes são confiadas”, exprimiu.

“Não descartem, mas acolham, abracem e amem a todos”

Por fim, Francisco falou sobre a caridade. Reconhecendo que as quatro fundações representadas foram criadas para apoiar e educar jovens carentes; ele destaca que os fundadores viram nestas pessoas um sinal de Deus para a sua missão.

“Será bom para vocês também”, orientou, “especialmente nestes dias de discernimento comunitário, manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos e estar vigilantes para que em suas assembleias, o impulso da gratuidade e do amor desinteressado, graças ao qual a presença de vocês na Igreja começou, esteja sempre vivo e pulsante”.

Concluindo seu discurso, o Papa pediu que as pessoas não sejam descartadas ou selecionadas com base nos critérios mundanos. “Não descartem, mas acolham, abracem a todos, amem a todos. Esta cultura que vem do individualismo e da fragmentação, infelizmente domina nossos tempos”, finalizou.

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