Papa medita sobre as atitudes de Marta e Maria diante da visita de Jesus e fala de sua viagem ao Rio de Janeiro
Boletim da Santa Sé
(Tradução: Rodrigo Luiz)
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste domingo continuamos a leitura do décimo capítulo do evangelista Lucas. O trecho de hoje é aquele de Marta e Maria. Quem são estas duas mulheres? Marta e Maria, irmãs de Lázaro, são parentes e fiéis discípulas do Senhor, que moravam em Betânia. São Lucas as descreve deste modo: Maria, aos pés de Jesus, “escutava a sua palavra”, enquanto Marta estava ocupada em muitos trabalhos (dcr Lc 10, 39-40). Ambas oferecem acolhimento ao Senhor que passava, mas o fazem de maneira diferente. Maria se coloca aos pés de Jesus, em escuta, Marta ao invés se deixa absorver pelas coisas que precisava preparar, e é assim ocupada em dirigir-se a Jesus dizendo: “Senhor, não se importa nada que minha irmã me deixe sozinha no serviço? Diga a ela que me ajude” (v. 40). E Jesus a responde reprovando-a com doçura: “Marta, Marta, você se preocupa e se agita por muitas coisas, mas uma coisa… só é necessária” (v. 41).
O que Jesus quer dizer? Qual é esta coisa só de que precisamos? Antes de tudo é importante entender que não se trata da contraposição entre duas atitudes: a escuta da palavra do Senhor, a contemplação, e o serviço concreto ao próximo. Não são duas atitudes contrapostas, mas, ao contrário, são dois aspectos ambos essenciais para nossa vida cristã; aspectos que não se separam jamais, mas vividos em profunda harmonia. Mas então por que Marta recebe a reprovação, apesar de feita com doçura? Porque considerou essencial só o que estava fazendo, era isto é absorvida demais e preocupada pelas coisas a “fazer”. Em um cristão, as obras de serviço e de caridade não são jamais separadas pela fonte principal de cada nossa ação: isto é, a escuta da Palavra do Senhor, o estar – como Maria – aos pés de Jesus, na atitude do discípulo. E por isto Marta é reprovada.
Também em nossa vida cristã, oração e ação sejam sempre profundamente unidas. Uma oração que não leva à ação concreta em direção ao irmão pobre, enfermo, necessitado de ajuda, o irmão em dificuldade, é uma oração estéril e incompleta. Mas, ao mesmo modo, quando no serviço eclesial se está atento só ao fazer, se dá mais peso às coisas, às funções, às estruturas, e se esquece da centralidade de Cristo, não se reserva tempo para o diálogo com Ele na oração, se arrisca servir a si mesmo e não Deus presente no irmão necessitado. São Bento resumia o estilo de vida que indicava aos seus monges em duas palavras: “ora et labora”, reza e trabalha. É da contemplação, de uma forte relação de amizade com o Senhor que nasce em nós a capacidade de viver e de levar o amor de Deus, sua misericórdia, sua ternura para com os outros. E também o nosso trabalho com o irmão necessitado, o nosso trabalho de caridade nas obras de misericórdia, nos leva ao Senhor, porque nós vemos exatamente o Senhor no irmão e na irmã necessitados.
Peçamos à Virgem Maria, Mãe da escuta e do serviço, que nos ensine a meditar em nosso coração a Palavra de seu Filho, a rezar com fidelidade, para estar sempre atentos concretamente às necessidades dos irmãos.
Após o Angelus
Saúdo com afeto todos os peregrinos presentes: famílias, paróquias, associações, movimentos e grupos. Especialmente, saúdo os fiéis de Florença, Foggia e Villa Castelli, e os coroinhas de Conselve com os familiares. Eu vejo escrito, lá embaixo: “Boa viagem!”. Obrigado! Obrigado! Peço que me acompanhem espiritualmente com a oração na Viagem que realizarei a partir de amanhã. Como sabem, me dirigirei ao Rio de Janeiro no Brasil, por ocasião da 28ª Jornada Mundial da Juventude. Haverão tantos jovens, lá, vindos de todas as partes do mundo. E penso que esta possa se chamar de Semana da Juventude: por isso, exatamente a Semana da Juventude! Os protagonistas nesta semana serão os jovens. Todos aqueles que vem ao Rio querem ouvir a voz de Jesus, escutar Jesus: “Senhor, o que devo fazer da minha vida? Qual é o caminho para mim?”. Também vocês – não sei se há jovens, hoje, aqui, na praça! Tem jovens aqui? Estão ali: também vocês, jovens que estão na praça, façam a mesma pergunta ao Senhor: “Senhor Jesus, o que devo fazer da minha vida? Qual é o caminho para mim?”. Confiemos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, tão amada e venerada no Brasil, estes pedidos: aquela que farão os jovens que lá estarão, e esta que vocês farão, hoje. E que Nossa Senhora nos ajude nesta nova etapa de peregrinação. A todos vocês desejo um bom domingo! Bom almoço. Até breve!