Na Catequese desta quarta-feira, 18, sobre a paixão evangelizadora e o zelo apostólico, Francisco reflete sobre Jesus e o seu coração que “vai ao encontro de todos”
Da redação, com Vatican News
Na Audiência Geral desta quarta-feira, 18, realizada na Sala Paulo VI, o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico que deve animar a Igreja e cada cristão, convidando a olhar para “o modelo insuperável do anúncio: Jesus”.
O Pontífice frisou que o fato de Jesus “ser o Verbo, ou seja, a Palavra” indica que Ele está sempre em relação, em saída, nunca isolado, sempre em relação, em saída. “Com efeito, a palavra existe para ser transmitida, comunicada. Assim é Jesus, Palavra eterna do Pai comunicada a nós. Cristo não só tem palavras de vida, mas faz da sua vida uma Palavra, uma mensagem: ou seja, vive sempre voltado para o Pai e para nós. Sempre olhando para o Pai que o enviou e olhando para nós aos quais Ele foi enviado”.
Oração
Jesus tem “intimidade com o Pai, oração” e “todas as decisões e escolhas importantes são feitas depois de ter rezado”, pontuou o Santo Padre. Nesta relação, o Papa afirmou que na oração que une Jesus ao Pai no Espírito, Ele descobre o sentido do seu ser homem, da sua existência no mundo porque Ele está em missão, enviado pelo Pai a todos.
Francisco sublinhou que Jesus oferece a todos a chave do seu agir no mundo: “despender-se pelos pecadores, tornando-se solidário para conosco sem distâncias, na partilha total da vida”. “Falando da sua missão”. Ele “dirá que não veio «para ser servido, mas para servir e dar a sua vida»”.
“Todos os dias, depois da oração, Jesus dedica toda a sua jornada ao anúncio do Reino de Deus e a dedica às pessoas, sobretudo aos mais pobres e frágeis, aos pecadores e doentes. Ou seja, Jesus está em contato com o Pai na oração e depois está em contato com as pessoas para a missão, para a catequese, para ensinar o caminho para o Reino de Deus”.
Bom Pastor
O Pontífice comenta que Jesus oferece também a sua imagem, “o seu estilo de vida”, falando de si como do bom Pastor, aquele que «dá a sua vida pelas ovelhas». Com efeito, o Santo Padre explicou que ser pastor não era apenas um trabalho, que exigia tempo e muito esforço; era um verdadeiro estilo de vida:
“Vinte e quatro horas por dia, vivendo com o rebanho, acompanhando-o ao pasto, dormindo entre as ovelhas, cuidando das mais frágeis. Em síntese, Jesus não faz algo por nós, mas dá a vida por nós. O seu é um coração pastoral. Ele é um pastor com todos nós”.
Para resumir numa palavra a ação da Igreja, Francisco recordou que usa-se muitas vezes o termo “pastoral”. “E para avaliar a nossa pastoral, devemos nos confrontar com o modelo, Jesus bom Pastor.” “Quem está com Jesus, descobre que o seu coração pastoral bate sempre por quantos estão perdidos, transviados, distantes. E o nosso?”, perguntou o Papa, ressaltando que muitas vezes é dito: “É problema dele, que se vire”. “Jesus nunca disse isso, nunca. Ele vai ao encontro de todos, de todos os marginalizados, dos pecadores. Ele era acusado disso: de estar com os pecadores, porque levava aos pecadores a salvação de Deus”.
Deus sente saudade
Depois, Francisco disse que quem quiser treinar o seu “zelo apostólico”, deve recordar sempre a parábola da ovelha perdida, contida no capítulo 15 de Lucas. Ali, disse o Santo Padre, é possível entender o que é o zelo apostólico.
“Nessa parábola descobrimos que Deus não contempla o redil das suas ovelhas, nem as ameaça para que não vão embora. Pelo contrário, se uma sai e se perde, não a abandona, mas vai à sua procura. Não diz: ‘Foi-se, a culpa é dela, o problema é seu’”, comentou.
O coração pastoral, segundo o Papa, reage de outra maneira: sofre e arrisca. “Sofre: sim, Deus sofre por quem parte, e na medida em que o chora, ama-o ainda mais. O Senhor sofre quando nos distanciamos do seu coração. Sofre por quem não conhece a beleza do seu amor, nem o calor do seu abraço. Mas, em resposta a este sofrimento, não se fecha, mas arrisca: deixa as noventa e nove ovelhas que estão a salvo e aventura-se em busca da única que se perdeu, fazendo assim algo arriscado e até irracional, mas em sintonia com o seu coração pastoral, que tem saudades de quantos se foram. Quando ouvimos dizer que alguém deixou a Igreja o que dizer? Que se vire? Não. Jesus nos ensina a saudade daqueles que se foram. Jesus não tem raiva nem ressentimento, mas uma irredutível saudade de nós. Jesus tem saudade de nós. Este é o zelo de Deus!”.
Sintonia com Jesus
“Talvez sigamos e amemos Jesus há muito tempo, sem nunca nos perguntarmos se compartilhamos os seus sentimentos, se sofremos e arriscamos, em sintonia com o seu coração pastoral! Não se trata de fazer proselitismo, para que outros sejam “dos nossos”, mas de amar a fim de que sejam filhos felizes de Deus”, disse o Pontífice.
O Santo Padre destacou por fim que evangelizar não é fazer proselitismo. Ele reforçou que fazer proselitismo é uma coisa pagã, não é religioso nem evangélico. Depois, convidou os fiéis a pedirem, na oração, a graça de um coração pastoral, aberto, próximo a todos, para levar a mensagem do Senhor e ouvir os que têm saudade de Cristo. “Sem este amor que sofre e arrisca, correremos o risco de nos apascentarmos unicamente a nós próprios”.