Gritos da Terra

"Escuta a voz da criação": mensagem do Papa para o Dia da Criação

Para o Dia da Criação, em 1º de setembro, Francisco pede respostas ao grito da Terra diante da destruição da casa comum

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

A Madre Terra grita diante da destruição, lembra o Papa, que pede respostas para protegê-la / Foto: Imagem de brokolinos por Pixabay

O Papa Francisco reitera a responder ativamente ao “grito da Terra”, que “geme” diante de abusos e destruição. Nesta quinta-feira, 21, o Vaticano divulgou a mensagem do Santo Padre para Foi o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que será celebrado em 1º de setembro.

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.: Íntegra da mensagem

A data inaugura o “Tempo da Criação”, que vai até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. Esta é uma iniciativa ecumênica inspirada pelo Patriarcado de Constantinopla que une os cristãos em torno da necessidade de uma conversão ecológica.

Em 2022, o tema e o convite deste tempo é “Escuta a voz da criação”. Segundo o Papa, se se aprende a ouvir a criação, nota-se uma espécie de dissonância: por um lado, o canto doce que louva o Criador; por outro, um grito amargo que lamenta os maus-tratos humanos.

O canto doce, diz o Papa, convida a uma “espiritualidade ecológica”. Mas, infelizmente, é acompanhado por um coro de gritos amargos, sendo o primeiro deles da Madre Terra, que grita à mercê dos excessos consumistas, “geme implorando para pararmos com os nossos abusos e a sua destruição”. Gritam também as criaturas: inúmeras espécies estão sendo extintas. Gritam os mais pobres, que sofrem mais severamente com o impacto da crise climática. E gritam os filhos, ameaçados por um “egoísmo míope”.

“Escutando estes gritos amargos, devemo-nos arrepender e mudar os estilos de vida e os sistemas danosos. (…) O estado de degrado da nossa casa comum merece a mesma atenção que outros desafios globais, como as graves crises sanitárias e os conflitos bélicos.”, escreve Francisco.

Empenho das nações

No texto, o Santo Padre lembra que a conversão ecológica é também uma conversão comunitária. Nesse sentido, enfatiza o empenho das comunidades das nações, especialmente nos encontros da ONU dedicados à questão ambiental.

Francisco cita eventos como a COP27, sobre o clima, que será realizada no Egito em novembro próximo, e a COP15, sobre a biodiversidade, que será no Canadá em dezembro. Também a Santa Sé aderiu, em nome e por conta do Estado da Cidade do Vaticano, à Convenção-Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas e ao Acordo de Paris.

“Alcançar o objetivo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C é bastante árduo e requer uma colaboração responsável entre todas as nações para apresentar planos climáticos ou Contribuições Determinadas a nível nacional mais ambiciosos, para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases de efeito estufa”.

Princípios-chave para proteger a biodiversidade

Visando impedir um colapso ainda mais grave da biodiversidade, o Papa convida as nações a concordarem sobre quatro princípios-chave. São eles: “1º construir uma base ética clara para a transformação que precisamos a fim de salvar a biodiversidade; 2º lutar contra a perda de biodiversidade, apoiar a sua conservação e recuperação e satisfazer de forma sustentável as necessidades das pessoas; 3º promover a solidariedade global, tendo em vista que a biodiversidade é um bem comum global que requer um empenho compartilhado; 4º colocar no centro as pessoas em situações de vulnerabilidade, incluindo as mais afetadas pela perda de biodiversidade, como as populações indígenas, os idosos e os jovens”.

O Papa recorda ainda a “dívida ecológica” das nações economicamente mais ricas, que poluíram mais nos últimos dois séculos. Isso exige, observa o Pontífice, que elas realizem passos mais ambiciosos tanto na COP27 como na COP15.

“Durante este ‘Tempo da Criação’, rezemos para que as cimeiras COP27 e COP15 possam unir a família humana para enfrentar decididamente a dupla crise do clima e da redução da biodiversidade. (…) choremos com o grito amargo da criação, escutemo-lo e respondamos com os fatos para que nós e as gerações futuras possamos ainda alegrar-nos com o canto doce de vida e de esperança das criaturas”, conclui.

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