No penúltimo dia de viagem, Papa presidiu Missa em Atenas deixando mensagem de esperança e confiança em Deus
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Com Deus, as coisas mudam: Ele cura os medos, sara as feridas e transforma lugares áridos em nascentes de água. Portanto, peçamos a graça da esperança. Essa é a exortação do Papa Francisco nesse segundo domingo do Advento ao presidir a Santa Missa em Atenas, na Grécia, no penúltimo dia de sua 35ª viagem apostólica.
Íntegra
.: Homilia do Papa Francisco na Missa em Atenas, Grécia
Na homilia, o Pontífice destacou dois aspectos centrais da liturgia deste domingo: o deserto, lugar onde se encontra João Batista, e a conversão.
O deserto foi o lugar onde a Palavra de Deus foi dirigida a João, surpreendendo a quem esperava que a Palavra se dirigisse aos grandes da época, em nobres palácios. E eis a surpresa de Deus, pontuou o Papa: Deus surpreende, não entra nas previsões humanas; prefere a pequenez e a humildade.
“A redenção não começa em Jerusalém, Atenas ou Roma, mas no deserto. Esta estratégia paradoxal oferece-nos uma mensagem muito bela: ter autoridade, ser cultos e famosos não constituem garantias para agradar a Deus; antes pelo contrário, poderia induzir-nos ao orgulho e a rejeitá-Lo. Em vez disso, ajuda ser pobres intimamente, como pobre é o deserto”.
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No deserto, a presença de Deus
Francisco convidou os fiéis a refletirem sobre o paradoxo do deserto, local inospitaleiro e cheio de perigos, mas onde o Precursor preparou a vinda de Cristo. Naquele lugar de aridez, revelou-se a glória do Senhor, e isso traz outra mensagem encorajadora: Deus volta o seu olhar para onde dominam tristeza e solidão.
“Queridos irmãos e irmãs, na vida duma pessoa ou dum povo não faltam momentos em que se tem a impressão de encontrar-se no deserto. E é precisamente aí que se faz presente o Senhor, que, muitas vezes, não é acolhido por quem se sente bem-sucedido, mas pela pessoa que se sente incapaz de vencer. E vem com palavras de proximidade, compaixão e ternura.”
A conversão
O segundo ponto de atenção na homilia foi a conversão pregada por João Batista. Segundo o Papa, também é um tema incômodo: o convite à conversão certamente não é a primeira proposta que se gostaria de ouvir.
O problema está em basear tudo nas próprias forças, alertou o Papa. Assim, a pessoa quer se converter e ser melhor, mas sente que não é capaz, e apesar da boa vontade sempre volta a cair. Então, Francisco explicou o que é a conversão.
“Converter-se é pensar além, isto é, ir além da maneira habitual de pensar, além dos nossos habituais esquemas mentais. Concretamente, penso nos esquemas que reduzem tudo ao nosso eu, à nossa pretensão de autossuficiência; ou nos esquemas fechados pela rigidez e o medo que paralisam, pela tentação de «sempre se fez assim», pela ideia de que os desertos da vida são lugares de morte e não da presença de Deus.”
Confiança em Deus, a força
Quando chama à conversão, João Batista convida a ir além, observou o Pontífice, porque a realidade é maior. Desta forma, converter-se significa não dar ouvidos ao que enterra a esperança, a quem repete que nada mudará na vida. É preciso confiar em Deus, pois Ele é o além e a força.
“Tudo muda, se se deixar a Ele o primeiro lugar. Eis a conversão: ao Senhor, basta a nossa porta aberta para entrar e fazer maravilhas, assim como Lhe bastaram um deserto e as palavras de João para vir ao mundo”.
O Papa exortou os fiéis a acreditarem que, com Deus, as coisas mudam, e a pedirem a graça da esperança, que reanima a fé e reacende a caridade. E dirigindo-se à Virgem Maria, pediu sua intercessão para que cada um possa ser testemunha de esperança e semeadores de alegria todos os dias, nos desertos da vida. “Porque é aqui que, com a graça de Deus, a nossa vida é chamada a converter-se e a florescer.”