Convidado pela Universidade Loyola de Chicago, o Santo Padre participou de um encontro virtual com universitários, numa iniciativa junto à Santa Sé
Da redação, com Vatican News
Nesta quinta-feira, 24, o Papa Francisco participou de um encontro sinodal em ambiente virtual com estudantes da Universidade Loyola de Chicago, numa iniciativa feita em parceria com a Santa Sé. Universitários da América do Norte, Central e Sul puderam ouvir as palavras do Sucessor de Pedro.
“Os estudantes são o coração deste encontro sinodal. Construir pontes, de norte a sul, esta é nossa vocação. A construção de pontes faz parte de nossa missão”, disse o Pontífice aos participantes do evento.
“Esta não é uma mudança de época e precisamos aprender a lidar com ela, compreender as perguntas de hoje mais do que dar respostas”, disse Francisco aos universitários. As respostas, segundo Francisco, precisam ser cordiais, pois passamos por uma mudança de época.
Além disso, Francisco ressaltou a importância dos estudantes para este novo tempo, especialmente quando se trata de assuntos como a migração. “Vemos pessoas que abandonam suas terras por conta da guerra, problemas econômicos e até religiosos. Há um princípio muito básico que devemos seguir: o imigrante deve ser acolhido e integrado. Cada país, cada Estado deveria acolher um número específico de imigrantes”, ponderou.
Francisco citou o quanto os imigrantes estão presentes na cultura mundial. “Um estudante universitário precisa estudar o problema da imigração e entender o que poderá fazer pelos seus colegas”, ressaltou. “Precisamos alimentar nossas mentes com conceitos e coração. Devo sentir o que faço e fazer o que sinto. Esta é a nossa verdadeira vocação”.
O diálogo
O Santo Padre ressaltou o quanto se sente bem junto aos jovens, o quanto isso revigora. Diversos estudantes foram escolhidos para fazer perguntas ao Papa. Uma estudante da Universidade da Califórnia o questionou acerca das desigualdades econômicas, especialmente aquelas que atingem os imigrantes. Um outro pediu que Francisco tornasse este encontro periódico para que o diálogo entre jovens e os Papas pudessem trazer luz aos problemas enfrentados pela sociedade contemporânea — entre elas a imigração.
“Vocês repetiram várias vezes a palavra ‘raízes'”, respondeu Francisco aos estudantes. “Cada um de nós deve cuidar das próprias raízes. Os jovens são os galhos. Mas uma flor não poderia existir sem as raízes. E gostei muito de aplicar este conceito aos imigrantes. Quando chegam, eles devem aplicar línguas diferentes. Mas é fundamental que eles mantenham suas raízes e aprendam novas maneiras para se integrar. Creio que se eles esquecerem suas raízes sentirão que traíram suas culturas”, afirmou Francisco.
“É preciso respeitar a cultura dos migrantes”, observou o Papa.
A estudante Priscila, do Rio de Janeiro, salientou o quanto a migração é um fenômeno complexo no Brasil. “Há modelos econômicos que sacrificam mulheres e homens. Em nosso atual contexto, metade do Brasil passa fome”, lamentou a estudante. “O mais alarmante disso tudo é que o sacrifício da maioria torna-se dinheiro para bilionários”, reiterou.
Jeferson, também brasileiro e estudante de teologia, criticou ao quão violento é o atual sistema econômico. “Somente entre 2000 e 2017, estima-se que o Brasil teve 7 milhões de deslocados em suas terras”, apontou.
Os alunos apresentaram o projeto Permanecer, que será estabelecido em parceria com o poder público e outras frentes de iniciativa. “O projeto visa revitalizar nosso tecido social”, apontou Priscila.
“Vocês propõe o caminho da não violência, um caminho com a Criação”, disse Francisco aos estudantes. “Obrigado por ter sido tão concreta, Priscila”, dirigiu-se Francisco à estudante brasileira. “Precisamos fazer com que as pessoas possam ter uma vida em harmonia com a natureza. Não usar a violência é o verdadeiro caminho”, finalizou o Santo Padre.