Francisco afirmou que é preciso oferecer aos mais pobres o melhor que se tem e destacou o cuidado às crianças
Da redação, com VaticanNews
O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, na manhã desta sexta-feira, 24, cerca de 70 membros do Instituto Hospital dos Inocentes de Florença – região italiana da Toscana. O Santo Padre destacou que é preciso uma cultura que reconheça o valor da vida, sobretudo da vida frágil, ameaçada, ofendida, de uma cultura que reconheça em todo rosto, mesmo o menor, o rosto de Jesus.
O discurso preparado pelo Papa não foi lido, mas entregue aos presentes.
Ao dar as boas-vindas aos dirigentes, funcionários do Instituto e às crianças – que são as protagonistas desta instituição que há 600 anos acolhe, assiste e promove a infância –, Francisco ressaltou que o Instituto dos Inocentes de Florença fala de uma cidade que deu o melhor de si no acolhimento às crianças, a fim de que não fossem mais “abandonadas”, mas acolhidas e cuidadas pela comunidade.
O necessário para crescer de modo digno
Atendo-se ainda aos seis séculos de história do Instituto, o Pontífice ressaltou que a instituição teve em sua origem a generosidade de um rico banqueiro, Francesco Datini, que doou o montante com o qual foi possível iniciar a realização desta obra.
“Também hoje, a responsabilidade social e ética do mundo das finanças é um valor indispensável para construir uma sociedade mais justa e solidária”, ressaltou o Pontífice.
O Papa destacou que, em sua história, o Instituto sempre se preocupou em oferecer às crianças “todo o necessário para crescer de modo digno”.
Oferecer aos pobres o melhor que temos
“Esta é uma verdade que hoje deve ser dita com força: devemos oferecer aos pobres, às criaturas frágeis, a quem vive nas periferias, o melhor que temos. E entre as pessoas mais frágeis das quais devemos cuidar estão certamente muitas crianças rejeitadas, que tiveram sua infância e seu futuro roubados; menores que empreendem viagens desesperadas para fugir da fome ou da guerra”, enfatizou.
O Santo Padre mencionou ainda aquelas “crianças que não vêm a luz porque suas mães sofrem condicionamentos econômicos, sociais, culturais que as levam a renunciar aquele dom maravilhoso que é o nascimento de um filho”.
Uma cultura que reconheça o valor da vida
Francisco destacou ainda a necessidade de uma cultura que reconheça o valor da vida, ao invés de colocá-la de lado, e excluí-la com muros e fechamentos. “Se preocupe em oferecer cuidados e beleza! Uma cultura que reconheça em todo rosto, inclusive o menor, o rosto de Jesus”, afirmou.
Aludindo ao V Congresso Eclesial Nacional, realizado em Florença em novembro de 2015, ao qual na ocasião fez um discurso, disse neste ter feito referência também a um aspecto particular: “o fato que muitas vezes as mães deixavam, junto a seus recém-nascidos, medalhas quebradas ao meio, com as quais esperavam, apresentando a outra metade, poder reconhecer seus filhos em tempos melhores”.
Eis o motivo porque – ressaltou ter dito na ocasião – devemos imaginar que nossos pobres tenham uma medalha quebrada ao meio. “Nós temos a outra metade. Porque a Igreja mãe tem na Itália metade da medalha de todos e reconhece e todos os seus filhos abandonados, oprimidos, cansados”, frisou.
Infância seja sempre protegida e assistida
O objetivo que hoje devemos propor, em vários níveis de responsabilidade, é que nenhuma mãe se encontre nas condições de ter que abandonar sua criança.
“Devemos fazer de modo que diante de qualquer evento, inclusive trágico, que possa separar uma criança de seus pais, haja estruturas e percursos de acolhimento em que a infância seja sempre protegida e assistida no único modo digno: dando às crianças o melhor que podemos oferecer-lhes.”
Agradeço e convido-os a continuar o serviço de vocês com competência e ternura, profissionalismo e dedicação, concluiu Francisco.