SEGURANÇA NO TRABALHO

“Somos seres humanos e não máquinas”, alerta Papa Francisco

Pontífice recebeu, em audiência, associação italiana que cuida de vítimas de acidentes de trabalho, e falou sobre a segurança dos trabalhadores

Da Redação, com Vatican News

Foto: Collab Media via Unsplash

“As tragédias começam quando o objetivo não é mais o homem, mas a produtividade”. O Papa Francisco recebeu, em audiência, nesta segunda-feira, 11, a Associação Italiana de Mutilados e Inválidos do Trabalho. No discurso, falou sobre a segurança no trabalho e o tratamento aos colaboradores e às pessoas com deficiência.

A audiência foi motivada pelo aniversário de 80 anos da associação, que foi fundada em meio à Segunda Guerra Mundial. O Pontífice iniciou seu discurso falando sobre as atividades desempenhadas pela entidade e as consequências da guerra, inclusive para a sociedade civil. “Terminado o conflito, os escombros permanecem, mesmo nos corpos e nos corações, e a paz deve ser reconstruída dia após dia, ano após ano, através da proteção e promoção da vida e da sua dignidade, começando pelos mais fracos e desfavorecidos”, expressou.

“Trata-se não só de garantir os devidos cuidados de bem-estar e de segurança social para aqueles que sofrem de formas de deficiência, mas também de dar novas oportunidades às pessoas que podem ser reintegradas e cuja dignidade exige ser plenamente reconhecida.”
– Papa Francisco

Desde então, a associação tem se dedicado a proteger e representar as vítimas de acidentes de trabalho, as viúvas e os órfãos. O Papa manifestou sua gratidão pelos esforços do grupo em melhorar a legislação civil relativa aos acidentes de trabalho e à reintegração profissional das pessoas que se encontram com necessidades especiais.

Indiferença no trabalho

Francisco recordou que, muitas vezes, o trabalho “desumaniza” a pessoa, e ao invés de trazer realização para o ser humano, busca inconsequentemente o lucro. E, citando a parábola do bom samaritano (cf. Lc 10,30-37), indicou que diante dos acidentes de trabalho, em algumas ocasiões, “continuamos como se nada tivesse acontecido, entregues à idolatria do mercado”.

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“Não podemos habituar-nos aos acidentes de trabalho, nem resignar-nos à indiferença perante os acidentes. Não podemos aceitar o desperdício de vidas humanas”, declarou o Santo Padre. Ele também citou São Paulo, frisando que o corpo é um templo do Espírito Santo. Na fé católica, este aspecto confere a centralidade da pessoa enquanto essa habitação do próprio Deus.

Cuidados com a vida humana

O Papa também falou que a segurança no trabalho é parte integrante dos cuidados pessoais, mas, muitas vezes, são difundidas formas que vão na direção oposta, que chamou de “lavagem de cuidados”. De acordo com o Pontífice, isso acontece quando empresários ou legisladores, em vez de investirem em segurança, preferem limpar a consciência com alguma ação benéfica, e assim, colocam a sua imagem pública acima de tudo.

“Esse é o primeiro trabalho: cuidar dos irmãos e irmãs, a responsabilidade para com os trabalhadores é uma prioridade, e a vida não pode ser vendida por qualquer motivo, especialmente se for pobre, precária e frágil. Somos seres humanos e não máquinas, pessoas únicas e não peças relevantes”, concluiu Francisco.

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