VOCAÇÃO À SANTIDADE

Papa: quando Deus chama alguém, é sempre para o bem de todos

Em discurso a participantes de conferência promovida pelo Dicastério das Causas dos Santos, Francisco destaca aspectos comunitários da santidade

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco fala a participantes de conferência, em audiência / Foto: Vatican Media/Catholic Press Photo/IPA via Reuters Connect

Os participantes da conferência “Dimensão comunitária da santidade” se encontraram, nesta quinta-feira, 16, com o Papa Francisco. O evento, promovido pelo Dicastério das Causas dos Santos, começou na segunda-feira, 13, e se encerra nesta quinta.

Em seu discurso, o Pontífice afirmou que o tema da universalidade da santidade e sua dimensão comunitária é muito caro ao Concílio Vaticano II. Ele também observou que, nos últimos anos, o número de beatificações e canonizações cresceu, de pessoas dos mais diversos estados de vida: casados, solteiros, sacerdotes, consagrados e leigos de todas as idades e culturas.

De forma particular, o Santo Padre destacou como, na exortação apostólica Gaudete et exsultate, ele quis frisar a pertença de todos os santos ao povo de Deus e sua proximidade aos homens na terra, como santos “ao lado”. Tratam-se de “membros das nossas comunidades, que viveram uma grande caridade nas pequenas coisas da vida cotidiana, mesmo com suas limitações e falhas, seguindo Jesus até o fim”.

Santidade que une

Para refletir sobre esta questão, Francisco propôs três aspectos: a santidade que une, a santidade familiar e a santidade dos mártires. Em relação ao primeiro aspecto, ele indicou que esta vocação à santidade se realiza na “caridade, dom do Espírito Santo, que nos une em Cristo e com os nossos irmãos”.

“Quando Deus chama o indivíduo, é sempre para o bem de todos, como nos casos de Abraão e Moisés, Pedro e Paulo. Chama o indivíduo para uma missão. E além disso, como Jesus, o Bom Pastor, chama pelo nome cada uma das suas ovelhas e procura a perdida para trazê-la de volta ao rebanho”, declarou o Papa. Ele pontuou ainda que o encontro com o Cristo tem essa dimensão comunitária, citando o exemplo de Mateus, que convidou seus amigos para também se encontrarem com o Messias, e de Paulo, que se tornou o Apóstolo dos Gentios.

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O Pontífice também recordou Santa Teresinha do Menino Jesus, que, em seus escritos, contempla toda a humanidade como o “jardim de Jesus”. O amor dele abraça todas as suas flores, de forma inclusiva e exclusiva, e leva a uma “evangelização por atração”. “A santidade une e, através da caridade dos santos, podemos conhecer o mistério de Deus que ‘unido […] a cada homem’, abraça toda a humanidade em sua misericórdia, para que todos sejam uma coisa só”, pontuou Francisco.

Santidade familiar

Em relação à santidade familiar, o Papa citou que ela brilha eminentemente na Sagrada Família de Nazaré, mas também em outros exemplos reconhecidos pela Igreja nos dias atuais, como os pais de Santa Teresinha, Santa Zélia e São Luís Martin e a família Ulma, entre outros.

“A santidade dos cônjuges, assim como a santidade particular de duas pessoas distintas, é também santidade comum na conjugalidade: daí a multiplicação – e não mera adição – do dom pessoal de cada um, que se comunica”, explicou.

Santidade dos mártires

Ao abordar o terceiro ponto, da santidade dos mártires, o Pontífice apontou que não houve período na história da Igreja “que não tenha tido seus mártires, até os dias de hoje”. Como exemplo atual, ele citou a paquistanesa Asia Bibi, condenada por blasfêmia em 2009 e absolvida nove anos depois, em 2018, após um longo processo judicial.

“Tantos anos até o momento em que os juízes disseram que ela era inocente. Quase 9 anos de testemunho cristão! Ela é uma mulher que continua a viver, e há muitos, muitos assim, que com o testemunho dão testemunho de fé e caridade. E não esqueçamos também da nossa época que tem tantos mártires”, manifestou o Santo Padre.

Por fim, Francisco expressou que a santidade dá vida à comunidade e cada um, com o próprio trabalho, ajuda a sociedade a compreender e a celebrar cada vez melhor a sua realidade e dinâmica. Realidade essa que apresenta diferentes caminhos, mas todos visando ao mesmo objetivo: a plenitude do amor. “Este é o caminho para a santidade”, concluiu o Papa.

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