Em audiência realizada neste sábado, 14, Francisco recebeu alguns missionários scalabrinianos e pediu que renovem seu compromisso no serviço aos migrantes
Da Redação, com Vatican News
Na manhã deste sábado, 14, o Papa Francisco recebeu em audiência participantes da Conferência de Espiritualidade Scalabriniana. O evento, promovido pela Congregação dos Missionários de São Carlos, tem como tema “Virei para reunir os homens de todas as nações” (cf. Is 66,18).
No início de sua fala, o Pontífice reconheceu a importância deste tema para o carisma dos scalabrinianos – também chamados de “carlistas”. Ele indicou que São João Batista Scalabrini, que fundou a congregação de “missionários para os migrantes”, ensinou-os a cuidar destes migrantes e a considerá-los irmãos e irmãs no caminho rumo à unidade.
Na sequência, o Santo Padre partilhou seus pensamentos sobre a questão da migração: “migrar não é fazer uma agradável peregrinação em comunhão, mas, muitas vezes, é um drama. Assim como todos têm o direito de migrar, têm ainda um maior direito de poder permanecer em sua própria terra e de viver de forma pacífica e digna. Contudo, a tragédia das migrações, causadas pelas guerras, fome, pobreza e problemas ambientais, está diante dos olhos de todos”.
São João Scalabrini
Neste contexto, Francisco levou os missionários presentes a refletirem como podem dispor seus corações diante desta situação e qual caminho espiritual deve ser seguido. Para chegar à resposta, apontou para o próprio São João Batista Scalabrini, cuja visão “é uma visão iluminada e original do fenômeno migratório, visto como um apelo a criar comunhão na caridade”.
O Papa recordou uma passagem da vida de São João Batista Scalabrini, que quando ainda era um jovem pároco, encontrou na Estação Central de Milão uma massa de migrantes italianos que partia para o continente americano com grande sofrimento por ter que abandonar sua pátria.
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A partir desta experiência, o sacerdote italiano entendeu que aquele era um sinal de Deus para si, um chamado para ajudar, de modo material e espiritual, aquelas pessoas desorientadas, para que não perdessem a fé e pudessem chegar ao monte santo de Jerusalém (cf. Is 66, 20). “Para Scalabrini, esta Jerusalém é a Igreja Católica, ou seja, universal, (…) porque é uma cidade aberta a quem procura um lar e um porto seguro”, expressou o Pontífice.
Apelos aos participantes
Diante desta realidade, tão comum nos dias atuais, o Santo Padre fez dois apelos aos missionários reunidos. O primeiro foi que cultivem corações ricos de catolicidade, desejosos de universalidade e unidade, de encontro e comunhão. “Trata-se de um convite a difundir uma mentalidade de proximidade, zelo e acolhimento, para que possa aumentar no mundo ‘a civilização do amor’ (São Paulo VI, 1975). Tudo isso não pode ser alcançado com forças meramente humanas, mas mediante a colaboração com a ação e a orientação do Espírito”, manifestou.
O segundo apelo, fundamentado nos ensinamentos de São João Batista Scalabrini, amante da Adoração eucarística, foi que os missionários mantenham uma relação íntima de amor com Jesus, cultivando-a, sobretudo, através da Eucaristia, celebrada e adorada, destacando de forma especial esta segunda palavra. “A mentalidade moderna nos tirou um pouco esse sentimento de adoração”, alertou o Papa.
Por fim, Francisco encerrou seu discurso convidando os presentes a “renovar seu compromisso com os migrantes, reforçando-o, cada vez mais, com uma vida espiritual intensa, segundo o exemplo do seu fundador”, e os agradeceu pelo trabalho feito em todo o mundo.