CAMINHO DO ESCONDIMENTO

Papa: mundo está poluído pelas aparências e pela cultura da maquiagem

Francisco recebeu as Pequenas Irmãs de Jesus e abordou as diretrizes de sua missão: busca de Deus, testemunho do Evangelho e amor pela vida escondida

Da Redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/Remo Casilli

Nesta segunda-feira, 2, o Papa Francisco recebeu em audiência na Sala do Consistório, no Vaticano, as Pequenas Irmãs de Jesus, por ocasião de seu 12º Capítulo Geral.

O Pontífice iniciou seu discurso retomando as origens das irmãs a partir da experiência carismática de São Charles de Foucauld, retomada por Magdeleine Hutin e Anne Cadoret cerca de 20 anos após a morte do santo e marcada pela busca de Deus, pelo testemunho do Evangelho e pelo amor pela vida escondida.

Diante destas três “diretrizes”, o Santo Padre apontou a busca por Deus como a mais importante delas. Relembrando a passagem do encontro de Jesus com a samaritana no poço de Jacó (cf. Jo 4,5-42), Francisco indicou que o Mestre aguarda as irmãs no poço de sua Palavra, que é água viva, e que elas devem cultivar a escuta d’Ele.

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“Como à Samaritana”, continuou o Papa, “Jesus lhes oferece o seu amor, e cabe a vocês aceitar o desafio, deixando de lado as pesadas ânforas da autorreferencialidade e do habitual, das soluções previsíveis e até mesmo de um certo pessimismo que o inimigo de Deus e do homem sempre tenta insinuar, especialmente naqueles que fizeram da própria vida um dom.”

Testemunhar o Evangelho

Chegando então à segunda diretriz, o Pontífice apontou como o testemunho do Evangelho está presente desde a origem das irmãs, oferecendo-o aos outros com palavras, com obras de caridade e com a presença fraterna, orante e adoradora. Ele também lembrou como a samaritana se pôs a anunciar aos outros seu encontro com o Cristo, dizendo “vinde e vede” (cf; Jo 4, 29).

“Cuidar dos outros, dar aos necessitados sem esperar que peçam: estes são os sinais do amor ao Esposo, traços característicos da sua proximidade afetuosa aos últimos, nos quais Ele está presente”, refletiu o Santo Padre, que ainda denunciou a cultura da indiferença nos dias atuais. “A proximidade é espontânea, é isso que conta, surge da espontaneidade do coração. (…) Que a sua delicada proximidade seja um leve desafio à indiferença”, completou.

“O caminho de Deus é o caminho do escondimento”

Na sequência, Francisco acenou que a terceira diretriz, do amor pela vida escondida, “é o caminho da Encarnação, o caminho de Nazaré, o caminho indicado por Deus ao se despojar-se e se fazer pequeno para compartilhar a vida dos pequeninos”.

“Vocês não são irmãs para fazer publicidade: quanto mais escondidas, mais divinas. Continuem a cultivá-la, pois é uma profecia poderosa para nossa época, poluída pelo aparecer e pelas aparências”, exortou o Santo Padre. “Parece que, por esta questão do parecer e das aparências, vivemos uma cultura de ‘maquiagem’: todos usam maquiagem, (…) para parecerem melhores do que são, e isso não é do Senhor”, observou.

O Papa ainda falou que há problemas sérios a se enfrentar, como a escassez de vocações, o fechamento de algumas casas e o aumento da idade média das religiosas. Contudo, sinalizou que as irmãs “são instrumentos preciosos para que Deus semeie no mundo pequenas pérolas de ternura e de ternura evangélica”, que são sua “especialidade”. Para isso, elas precisam “permanecer simples e generosas, apaixonadas por Cristo e pelos pobres”, concluiu.

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