Viagem do Papa Francisco à Colômbia
Discurso no Lar San José em Medellín
Sábado, 9 de setembro de 2017
Boletim da Santa Sé
Caríssimos irmãos e irmãs,
Queridos meninos e meninas!
Estou feliz por me encontrar convosco neste «Lar de São José». Obrigado pela receção que me preparastes. Agradeço as palavras do diretor, Mons. Armando Santamaría.
E obrigado a ti, Cláudia Yesenia, pelo teu corajoso testemunho, verdadeiramente corajoso. Enquanto ouvia todas as dificuldades por que passaste, vinha-me à memória do coração o sofrimento injusto de tantos meninos e meninas em todo o mundo que foram e continuam a ser vítimas inocentes da maldade de alguns.
Também o Menino Jesus foi vítima do ódio e da perseguição; também Ele teve que fugir com a sua família, deixar a sua terra e a sua casa para escapar da morte. Ver as crianças sofrer faz doer a alma, porque as crianças são os prediletos de Jesus. Não podemos aceitar que sejam maltratadas, que sejam privadas do direito de viver a sua infância com serenidade e alegria, que lhes seja negado um futuro de esperança.
Mas Jesus não abandona ninguém que sofre, e muito menos a vós, meninos e meninas, que sois os seus preferidos. Cláudia Yesenia, a par de tanto horror que aconteceu, Deus presenteou-te com uma tia que cuidou de ti, um hospital que te assistiu e, por fim, uma comunidade que te acolheu. Esta casa é uma prova do amor que Jesus vos tem e do seu desejo de estar muito perto de vós. Fá-lo através dos cuidados amorosos de todas as pessoas boas que vos acompanham, que vos amam e educam. Penso nos responsáveis desta casa, nas irmãs, no pessoal de serviço e em tantas outras pessoas que já fazem parte da vossa família, porque vos interrelacionais e vos conhecem. Porque é isto que faz com que este lugar seja um Lar: o calor duma família, onde nos sentimos amados, protegidos, aceites, cuidados e acompanhados.
E dá-me muito prazer saber que este Lar tem o nome de São José; e os outros, o nome de «Jesus Operário» e de «Belém». Diria que estais em boas mãos. Lembrai-vos do que escreve São Mateus, no seu Evangelho, a propósito de Herodes que, na sua loucura, decidira matar Jesus recém-nascido? Deus falou em sonho a São José, por meio dum anjo, e confiou à sua custódia e proteção os seus tesouros mais preciosos: Jesus e Maria. São Mateus diz-nos que José, recebida a palavra do anjo, obedeceu imediatamente e fez aquilo que Deus lhe ordenara: «Levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito» (Mt 2, 14). Tenho a certeza de que, assim como São José protegeu e defendeu dos perigos a Sagrada Família, assim também vos defende, cuida e acompanha. E com ele, também Jesus e Maria, porque São José não pode estar sem Jesus e Maria.
A vós, irmãos e irmãs, religiosos, religiosas e leigos, que neste e nos outros Lares acolheis e cuidais amorosamente destas crianças, que desde pequenas experimentaram o sofrimento e a amargura, gostaria de vos lembrar duas realidades que nunca devem faltar, porque fazem parte da identidade cristã: o amor que sabe ver Jesus presente nos mais pequeninos e nos mais frágeis, e o dever sagrado de levar as crianças a Jesus. Nesta tarefa, com as suas alegrias e penas, confio-vos também à proteção de São José. Aprendei com ele: o seu exemplo vos inspire e ajude no cuidado amoroso destes pequeninos, que são o futuro da sociedade colombiana, do mundo e da Igreja, para que possam, como o próprio Jesus, crescer e robustecer-se em sabedoria e graça diante de Deus e dos outros (cf. Lc 2, 40.52). Que Jesus e Maria, juntamente com São José, vos acompanhem e protejam, vos encham de ternura, alegria e fortaleza.
Comprometo-me a rezar por vós para que, neste ambiente de carinho familiar, cresçais em amor, paz e felicidade, podendo assim ir curando as feridas do corpo e do coração. Deus não vos abandona, mas protege-vos e assiste-vos. E o Papa leva-vos no coração. E não vos esqueçais de rezar por mim. E, com isto, vos agradeço.