No Ângelus deste domingo, 3, Francisco pediu aos fiéis que, a exemplo de Zaqueu, deixem-se converter pelo olhar misericordioso de Jesus
Da redação
“O olhar misericordioso do Senhor nos alcança antes mesmo que nós percebamos ter necessidade de sermos salvos. E com esse olhar do divino Mestre, começa o milagre da conversão do pecador. (…) Deus condena o pecado, mas tenta salvar o pecador”. Foi o que afirmou o Papa Francisco neste domingo, 3, aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano, para a tradicional oração mariana do Ângelus.
A reflexão do Pontífice partiu do evangelho de hoje, que retrata a parada de Jesus em Jericó, durante seu caminho para Jerusalém. “Havia uma grande multidão para recebê-lo, incluindo um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos – aqueles judeus que cobravam impostos em nome do Império Romano. Ele era rico, mas não devido a ganhos honestos, e sim porque pedia propina. Isso aumentava o desprezo por ele”.
O Santo Padre recorda que Zaqueu tentava ver quem era Jesus não porque queria encontrá-lo, mas porque era curioso: “Queria ver aquele personagem de quem ouvira coisas extraordinárias, era curioso com isso e, sendo de baixa estatura, para conseguir vê-lo, sobe em uma árvore”. Quando Jesus chega ao local, olha para cima e o vê, conta o Papa. Sobre o gesto de Jesus, Francisco sublinha: “Isso é importante, o primeiro olhar não é de Zaqueu, mas de Jesus que entre os muitos rostos que o cercavam na multidão, procura exatamente aquele”.
Jesus chama Zaqueu e o chama pelo nome, destacou o Pontífice: “‘Zaqueu desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”, disse Jesus”. Segundo o Papa, Jesus não o censura, não faz sermão, mas diz que deve ir até ele. “Deve, porque é a vontade do Pai. Apesar dos murmúrios das pessoas, Jesus escolhe parar na casa daquele pecador público”, afirma. O Santo Padre frisa que também hoje as pessoas ficariam escandalizadas com esse comportamento de Jesus, e alertou que o desprezo com o pecador faz o isolar e endurecê-lo no mal que ele pratica contra si e contra a comunidade.
“[Jesus] Vai procurá-lo para trazê-lo de volta para o caminho correto. Quem nunca sentiu-se procurado pela misericórdia de Deus tem dificuldade de compreender a extraordinária grandeza dos atos e palavras com que Jesus se aproxima de Zaqueu. A acolhida e a atenção de Jesus leva aquele homem a uma clara mudança de mentalidade. Em um momento ele percebe o quanto é mesquinho e que tem uma vida movida pelo dinheiro às custas de roubar as pessoas e ser desprezado por elas. Ter o Senhor ali, em sua casa, faz com que ele veja tudo com olhos diferentes, também com a ternura que Jesus olhou para ele”, explicou Francisco.
O olhar misericordioso de Jesus muda também o modo como Zaqueu via e usava o dinheiro, contou o Pontífice. “[Zaqueu] Substitui o gesto de extorquir pelo de dar. De fato, decide dar metade do que tinha aos pobres e restituir quatro vezes mais àqueles de quem roubou. Zaqueu descobre por meio de Jesus que é possível amar gratuitamente. Era avarento e, em um instante, torna-se generoso. Gostava de acumular e agora se alegra em distribuir. Encontrando o amor, descobrindo-se amado apesar de seus pecados, ele se torna capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de amor”, completou.
Por fim, o Santo Padre rogou à Virgem Maria para que dê a todos a graça de reproduzirem o olhar misericordioso de Jesus e saírem ao encontro daqueles que fizeram o mal: “Que eles também possam acolher Jesus que veio buscar e salvar aquilo que estava perdido”.
Após o Ângelus
Após a oração mariana do Ângelus, o Papa afirmou estar triste pelas violências sofridas pelos cristãos da Igreja Ortodoxa da Etiópia. Francisco manifestou sua proximidade à Igreja e ao patriarca, e pediu aos fiéis que rezassem uma Ave-Maria com ele por todas as vítimas de violência daquela terra.