O encontro com a juventude foi o último compromisso do Papa Francisco no Paraguai
Elcka Torres
Da redação
Milhares de jovens da América Latina se reuniram na noite deste domingo, 12, na Avenida Constanera de Assunção, para o último compromisso oficial do Papa Francisco em sua viagem ao Paraguai.
O Santo Padre foi recepcionado pelos presentes com uma calorosa cerimônia de boas-vindas em um clima de muita alegria e entusiasmo. O encontro contou com o testemunho da jovem paraguaia Liz, que cuida da avó e da mãe portadora de Alzheimer, e de Manuel, cuja infância foi marcada pelo sofrimento e o abandono dos pais e pelos maus-tratos e a exploração da família que o acolheu, experiências negativas que o fizeram se envolver com drogas e perder a esperança. Os dois jovens testemunharam que o apoio de familiares e de membros da Igreja os ajudou a viver uma experiência pessoal com o amor de Cristo, o que lhes devolveu a alegria e a esperança e lhes deu vida nova.
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Francisco preferiu “responder com o coração”, deixando de lado o discurso preparado anteriormente. “Preparei o discurso, mas os discursos são entediantes”, disse.
Em sua fala aos jovens, o Bispo de Roma destacou três palavras-chaves fundamentais para que os jovens consigam viver a alegria de ser filhos de Deus: coração livre, solidariedade e esperança.
Coração livre
O jovem Orlando, escolhido para proclamar o Evangelho, ao cumprimentar o Pontífice, lhe pediu que lhe desse uma bênção e rezasse para que ele e toda a juventude vivessem a verdadeira liberdade.
O Papa aproveitou a solicitação do jovem e iniciou o seu discurso pedindo aos jovens que rezassem para que todos os presentes tivessem um coração livre. “A liberdade é um presente que Deus nos dá; contudo é preciso saber recebê-la. Nós sabemos que o mundo coloca muitas amarras em nosso coração, como a exploração, a falta de meios para sobreviver, a dependência de drogas, a tristeza, tudo isso nos tira a liberdade”, explicou.
Solidariedade
Ao refletir sobre o testemunho da jovem Liz, de 25 anos, o Santo Padre apresentou uma grande lição de solidariedade aos jovens.
“Liz nos ensina com sua vida que não podemos ser como Pilatos, ela poderia lavar as mãos, colocar sua mãe e sua avó no asilo e viver feliz sua vida, mas ela se transformou em serva de sua mãe e sua avó. Ela disse que mudou os papéis, que ela era mãe da sua mãe, que tem Alzheimer. Liz nos seus 25 anos serve sua mãe e sua vó”. E enfatizou que, ao fazer isso, a jovem vive o quarto mandamento: “honrar pai e mãe”. “Liz vive a vida para sua mãe, isso é um grande ato de solidariedade e de amor”, frisou o Santo Padre.
Esperança
Ao abordar a história de Manuel, o Papa Francisco afirmou que esse jovem não nasceu em berço de ouro e que se sentiu impactado com as palavras duras ditas por ele: “Fui explorado e maltratado, tanto que caí em uma vida de drogas e não tinha por que ir adiante”. E enfatizou que o encontro com Deus lhe trouxe a esperança.
“Liberdade de coração nos ensina Orlando. Serviço e solidariedade nos ensina Liz. Esperança, lutar e seguir a vida nos ensina Manuel. É isso de que precisamos: jovens com esperança! Queremos jovens que não se cansem rápido, queremos jovens fortes, com esperança e fortaleza”, ressaltou Francisco.
O Papa exortou os jovens a ir contra a correnteza e a viver a bem-aventurança, encontrada no Evangelho de São Mateus. E lembrou: “Na outra vez que havia pedido a vocês para fazerem barulho, um sacerdote me disse: ‘Você disse aos jovens para fazer barulho, mas depois as consequências somos nós quem devemos suportar’. Assim vos digo hoje: façam barulho e o organizem bem”.
O Pontífice encerrou sua mensagem com um breve momento de oração. “Senhor Jesus, Te dou graças por estar aqui. Fica conosco, Jesus. Jesus, eu Te peço pelos meninos e meninas que não sabem que o Senhor é a fortaleza. Jesus, ensine-os a sonhar. Sonhar coisas grandes, coisas lindas. Senhor Jesus, dá-nos fortaleza, dá-nos um coração livre”.