Entre os dias 25 e 30 de novembro, o Papa Francisco visitará o Quênia, a Uganda e a República Centro-Africana; Saiba um pouco sobre a cultura, política e religiosidade destes países
Kelen Galvan e Cícero Lemes
Da redação
Na próxima quarta-feira, 25, o Papa Francisco fará sua primeira visita apostólica à África e a 11ª viagem internacional do seu Pontificado. Durante cinco dias, o Santo Padre terá oportunidade de encontrar os povos do Quênia, Uganda e da República Centro-Africana.
A capital do Quênia, Nairóbi, será o primeiro local a receber o Pontífice. Na cidade, Francisco terá dois dias com uma programação intensa, que inclui encontro com os bispos, jovens e uma visita a um bairro pobre.
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Atualmente, o país tem quase 46 milhões de habitantes, dos quais 82,5% são cristãos – 47,4% protestantes, 23,3% católicos e 11,8% outros -, e 11,1% muçulmanos. A nação é jovem, pois até 1963 era colônia da Inglaterra, e há 52 anos tornou-se uma República Democrática. O atual presidente é Uhuru Muigai Kenyatta, que ocupa o cargo desde abril de 2013.
No Quênia, a língua oficial é o inglês e o swahili, uma junção do árabe com a língua dos bantus. Este idioma é tão importante que é utilizado em vários países do leste africano, como na Uganda. Porém, no país existem mais de 50 tribos, cada uma com seu dialeto.
A moeda oficial é o Shilling. Um dólar equivale a, aproximadamente, 75 shillings e um real a 25. Uma das maiores fontes de riqueza do país é o turismo, sobretudo devido ao belo litoral de cerca de 500 km e pelas savanas, onde ficam as famosas reservas naturais. O país ainda é conhecido pelo Monte Quênia, a segunda maior montanha do continente africano.
Uganda
Será o segundo destino do Papa Francisco. Na Uganda, o Santo Padre visitará a cidade de Entebbe, antiga capital do país e a atual, Kampala. Entre as principais atividades estão a Missa pelos mártires locais, a visita ao Santuário Anglicano e a um centro de caridade.
Situado no centro geográfico da África, Uganda é considerado um caldeirão cultural, com 56 grupos étnicos e mais de 63 dialetos. Porém, a língua oficial é o inglês e o swahili.
O país tem cerca de 37 milhões de habitantes, dos quais, 41,9% católicos, 42% protestantes e 12,1% muçulmanos.
Uganda condensa um pouco de tudo que a África oferece: uma grande biodiversidade de fauna e flora, as mais altas montanhas do continente, clássicos safáris, belezas naturais.
Alguns destaques são o Lago Vitória, o segundo maior lago do mundo e uma das nascentes do Rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo; a floresta de Bwindi, declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1994, por reunir mais de 50% da população mundial de gorilas da montanha; e o Parque Nacional Montanhas Ruwenzori, que recebeu o título de Patrimônio Mundial pela UNESCO, pois abriga a montanha mais alta do país, o pico Margherita, e um dos mais altos do continente.
Yoweri Kaguta Museveni é o atual presidente, ele governa o país desde 1986. A política de Uganda acontece no contexto de uma república democrática representativa presidencial, na qual o presidente é simultaneamente chefe de Estado e chefe de Governo.
República Centro-africana
Último roteiro da viagem do Papa à África, a República Centro-africana tem cerca de 5,5 milhões de habitantes, dos quais 35% seguem crenças locais, 25% são protestantes, 25% católicos e 15% muçulmanos.
A língua oficial do país é o francês e o Sango. O país é considerado um dos mais pobres do mundo. Com uma fraca economia, a principal atividade para captação de recursos financeiros é a agricultura, que se baseia no cultivo de café, algodão, mandioca e cará. O setor industrial é pouco desenvolvido, atuando nos seguimentos têxteis, alimentício, de bebidas, tabaco, móveis e papel.
Apesar de não ser uma referência turística, a República Centro-africana abriga o Parque Nacional Gounda Saint-Floris, declarado Patrimônio Mundial da Unesco devido a sua fauna e flora, e o Trinacional Sangha, um sítio transfronteiriço com os Camarões e o Congo.
Desde sua independência da França, em 1960, o governo do país passou por períodos de instabilidade, que se intensificaram com um golpe de estado em 2013. Atualmente é governado pela presidente de transição, Catherine Samba-Panza, que anunciou recentemente um referendo constitucional e o primeiro turno das eleições para o dia 27 de dezembro.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgados em 2010, o país tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,315, colocando-o no 159° lugar do ranking mundial, formado por 169 países. Dentre os inúmeros problemas socioeconômicos estão: a maioria da população vive abaixo da linha de pobreza; 43% dos habitantes sofrem com a subnutrição; a taxa de mortalidade infantil é uma das mais altas do planeta: 103 para cada mil nascidos vivos; a expectativa de vida é de 44 anos e o índice de analfabetismo é de 52%.
No início deste mês, o Papa Francisco manifestou seu desejo de abrir a primeira porta santa, do Jubileu da Misericórdia, na catedral de Bangui, capital do país. A iniciativa segundo a explicação do próprio Pontífice é para manifestar “a proximidade orante de toda a Igreja”, diante dos casos de violência que afligem o país.
O Pontífice chega à República Centro-africana no domingo, 29, e entre as principais atividades está uma visita a um campo de refugiados, encontro com as comunidades evangélicas, atendimento de confissão de alguns jovens, além de um encontro com a comunidade muçulmana.
Cristãos e muçulmanos
Situada no coração da África, a República Centro-africana está cercada por países como Camarões, Chade, Congo e Sudão. O povo é bem conhecido pela sua acolhida, mas há anos sofre com conflitos militares e étnicos. Atualmente, o país vive o conflito entre o grupo muçulmano “Seleka” e o grupo cristão “Anti-balaka”.
Entretanto, existem acordos de paz entre as religiões que não são mostrados pela mídia. Como o caso da plataforma das religiões, conforme explica o vice-presidente da Conferência Episcopal da República Centro-africana, Dom Nestor Désiré Nongo Aziagbia, atual bispo da diocese de Bossangoa, em Bangui.
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Trata-se de um grupo de paz inter-religiosa, uma iniciativa que reúne pessoas de diferentes credos para empreender ações pela convivência pacífica no país. “Os responsáveis por esta estrutura têm viajado o mundo para chamar a atenção da opinião pública internacional sobre a verdadeira natureza da crise na República Centro-Africana a fim de trazer soluções reais para acabar com o problema”, destaca Dom Aziagbia.
O bispo enfatiza inclusive a boa relação do arcebispo local, Dieudonné Nzapalainga, com o presidente da comunidade islâmica centro-africana, Imã Oumar Kobine Layama, e o reverendo Nicolas Guerekoyame, presidente da Associação das Comunidades Evangélicas.
Um exemplo que Dom Aziagbia destaca é quanto à acolhida de imigrantes muçulmanos nas igrejas católicas e também pelas evangélicas.