Papa reza por soluções, a partir do diálogo, para os problemas da Colômbia que afetam especialmente os mais pobres
Da Redação, com Vatican News
Após o Regina Coeli deste domingo, 23, o Papa Francisco voltou a falar sobre a grave crise na Colômbia. O Santo Padre vê com preocupação a situação e pediu orações pelo país.
“Nesta solenidade de Pentecostes, rezo para que o amado povo colombiano saiba acolher os dons do Espírito Santo, para que, por meio de um diálogo sério, se possa encontrar soluções justas para os numerosos problemas que fazem sofrer especialmente os mais pobres, devido à pandemia. Exorto todos a evitar, por razões humanitárias, comportamentos prejudiciais à população no exercício do direito ao protesto pacífico”.
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Desde 28 de abril, o país sul-americano é abalado por protestos, marcados por confrontos violentos entra manifestantes e forças da ordem. Estas são acusadas de dura repressão e de atirar contra manifestantes.
Segundo dados oficiais da Procuradoria Geral da República e do Ministério da Defesa, das 42 mortes denunciadas às autoridades foram confirmadas 15. A ONG Temblores e outras fontes relatam que a violência policial é responsável por 43 homicídios ocorridos durante as manifestações.
Novo apelo do episcopado colombiano
Os bispos colombianos fizeram um novo apelo para que os conflitos entre o governo e as partes sociais sejam logo superados. Isso tendo em vista os confrontos que já causaram várias vítimas.
“O diálogo é o principal caminho para reconhecer aquilo que sempre deve ser respeitado. É fundamental ouvir, compreender e resolver com eficácia as solicitações daqueles que protestaram pacificamente. Somente assim é possível construir juntos a paz que todos desejamos”.
A mensagem é assinada pelo arcebispo de Villavicencio e presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Dom Óscar Urbina Ortega, pelo arcebispo de Medellín Dom Ricardo Tobón Restrepo e por Dom Elkin Fernando Álvarez Botero, bispo de Santa Rosa de Osos. Destaca-se o apreço e os avanços registados nos últimos dias quer a nível nacional como local.
“Para além das diferenças, o que deve prevalecer é um debate fecundo. O verdadeiro diálogo é a busca do bem por meios pacíficos”. “Isso – escrevem os prelados – requer paciência e confiança. Deve prevalecer a firme vontade de recorrer a todas as fórmulas possíveis de negociação, procurando sempre dar espaço ao que une e não ao que divide”.
Os prelados colombianos lamentam o estado de desespero em que se encontra o país. Eles denunciam “o sofrimento e a pobreza generalizados”, também na sequência da violência que irrompeu após as greves. Também expressaram a sua proximidade a todas as vítimas.
Por fim, encorajam toda a comunidade católica a continuar a rezar. Pede-se que aqueles que se sentam à mesa de negociações cheguem a um acordo comum que ponha fim ao clima de ódio existente na Colômbia.
Novos protestos nacionais
Neste meio tempo, o Comitê Nacional de Greve convocou dois novos dias de protestos nacionais para 26 e 28 de maio. O anúncio foi feito há poucos dias pelo presidente da organização sindical Central Unitaria de Trabajadores (CUT), Francisco Maltés, pouco antes de participar da terceira reunião de diálogo com o governo para superar a onda de protestos no país que já duram semanas.
O presidente Ivan Duque, por sua vez, surpreendentemente anunciou a nomeação de um novo ministro da Cultura. Uma iniciativa julgada por analistas como uma tentativa de responder às preocupações de muitos jovens que aderiram aos protestos das últimas semanas.