CATEQUESE
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal (Canção Nova)
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Iniciamos hoje uma série de catequeses sobre as Bem aventuranças no Evangelho de Mateus (5, 1-11). Este texto que abre o “Sermão da Montanha” e que iluminou a vida dos crentes, também de tantos não crentes. É difícil não ser tocados por estas palavras de Jesus, e é correto o desejo de entendê-las e acolhê-las sempre mais plenamente. As Bem aventuranças contêm a “carteira de identidade” do cristão – esta é a nossa carteira de identidade -, porque delineiam a face do próprio Jesus, o seu estilo de vida.
Agora enquadramos globalmente estas palavras de Jesus; nas próximas catequeses comentaremos cada bem aventurança, uma a uma.
Antes de tudo, é importante como acontece a proclamação desta mensagem: Jesus, vendo a multidão que O seguia, sobre o monte suave que circunda o lago da Galileia, senta-se e, dirigindo-se aos seus discípulos, anuncia as Bem-aventuranças. Portanto, a mensagem é endereçada aos discípulos, mas no horizonte há a multidão, isso é, toda a humanidade. É uma mensagem para toda a humanidade.
Além disso, o “monte” remente ao Sinai, onde Deus entregou a Moisés os Mandamentos. Jesus começa a ensinar uma nova lei: ser pobres, ser mansos, ser misericordiosos…Estes “novos mandamentos” são muito mais que normas. De fato, Jesus não impõe nada, mas revela o caminho para a felicidade – o seu caminho – repetindo oito vezes a palavra “bem-aventurados”
Oito Bem-aventuranças se compõem de três partes. Primeiro há sempre a palavra “bem-aventurados”; depois vem a situação em que se encontram os bem-aventurados: a pobreza de espírito, a aflição, a fome e a sede de justiça, e assim por diante; enfim há o motivo da bem-aventurança, introduzido pela conjugação “porque”: “Bem aventurados estes porque, bem-aventurados aqueles porque…” Assim são as oito Bem-aventuranças e seria belo aprendê-las de memoria para repeti-las, para ter justamente na mente e no coração esta lei que Jesus nos deu.
Prestemos atenção a este fato: o motivo da bem-aventurança não é a situação atual, mas a nova condição que os bem-aventurados recebem como dom de Deus: “porque desses é o reino dos céus”, “porque serão consolados”, “porque possuirão a terra”, e assim por diante.
No terceiro elemento, que é o motivo da felicidade, Jesus usa um futuro passivo: “serão consolados”, “possuirão a terra”, “serão saciados”, “serão perdoados”, “serão chamados filhos de Deus”.
Mas o que quer dizer a palavra “bem-aventurado”? Porque cada um das oito bem aventuranças começa com a palavra “bem-aventurado”? O termo original não indica alguém que tem a barriga cheia ou que passa bem, mas é uma pessoa em uma condição de graça, que progride na graça de Deus e que progride no caminho de Deus: a paciência, a pobreza, o serviço aos outros, a consolação… Aqueles que progridem nestas coisas serão felizes e serão bem-aventurados.
Deus, para doar-se a nós, escolhe muitas vezes caminhos impensáveis, talvez aqueles dos nossos limites, das nossas lágrimas, das nossas derrotas. É a alegria pascal de que falam os irmãos orientais, aquela que tem as estigmas mas está viva, atravessou a morte e fez a experiência do poder de Deus. As bem-aventuranças nos levam à alegria, sempre; são o caminho para alcançar a alegria.
Fará bem a nós tomar o Evangelho de Mateus hoje, capítulo cinco, versículo de um a onze e ler as Bem-aventuranças – talvez algumas vezes mais, durante a semana – para entender este caminho tão belo, tão seguro da felicidade que o Senhor nos propõe.