Aiatolá, de 90 anos, é um guia espiritual que possui iniciativas e discursos de defesa aos cristãos no Iraque
Da redação, com Vatican News
Foi anunciado, nesta segunda-feira, 15, o encontro do Papa com Aiatolá Ali al Sistani, no Iraque. Francisco visitará o país de 5 a 8 de março. Grão Aiatolá Ali al Sistani é uma figura chave do islamismo xiita.
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O encontro é comparado, pela intensidade e potenciais consequências, com os o que o Santo Padre teve com expoentes do Islã sunita. Francisco já se encontrou com o xeque egípcio Ahmed al Tayyeb, Grão Imame de Al Azhar.
Quem é Aiatolá Ali al Sistani
Aiatolá, de 90 anos, nasceu no Irã e é um guia espiritual apreciado por sua clarividência, sobriedade e sabedoria. A admiração ocorre até mesmo por aqueles que não pertencem ao islamismo xiita.
Iniciativas e palavras cordiais em relação aos cristãos marcaram a intensa participação de al Sistani nas últimas décadas da história do Iraque.
Sermão em prol dos manifestantes
Em novembro de 2019, o país foi abalado por manifestações de rua seguidas de violenta repressão. O Patriarca caldeu Louis Raphael I Sako expressou publicamente sua total consonância com Aiatolá.
Em famoso sermão, al Sistani convidou as autoridades políticas a agirem rapidamente e atenderem às reivindicações dos manifestantes. As manifestações foram consideradas legítimas pelo principal líder religioso do Iraque.
Pedido de investigação
Em janeiro de 2019, Aiatolá encontrou-se com os responsáveis da Comissão de Investigação da ONU dos crimes dos jihadistas do Estado Islâmico (Daesh). O guia espiritual recomendou uma investigação particular dos “crimes hediondos”.
Tais práticas foram perpetradas por milicianos jihadistas contra membros da sociedade iraquiana. Foram atingidos os yazidis em Sinjar, os cristãos em Mosul e os turcomanos em Tal Afar.
Apoio aos cristãos da Planície de Nínive
Em abril de 2017, o xeque Abdul Mahdi Karbalai, representante oficial de al Sistani, manifestou-se em encontro com uma delegação de cristãos de Mosul. Karbalai afirmou que enfrentaria todas as tentativas de alterar a composição étnica e religiosa daquela região antes da chegada dos jihadistas do Daesh.
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O xeque também apoiou todas as iniciativas necessárias para favorecer o retorno dos cristãos caldeus, sírios e assírios às suas casas e povoados da Planície de Nínive. Isso após a derrota definitiva dos jihadistas do Estado Islâmico.
Violência contra os cristãos é ameaça para o Iraque
Em janeiro de 2014, antes da tomada de Mosul e do norte do Iraque pelo Daesh, Aiatolá conversou em Najaf com uma delegação da Comunidade de Sant’Egidio. Na ocasião, expressou sua total solidariedade aos cristãos iraquianos. O guia espiritual reiterou a necessidade de preservação das comunidades cristãs autóctones no país. Al Sistani afirmou que as violências representam uma ameaça para todo o Iraque.
Petição para o Prêmio Nobel da Paz
Em 2005, um grupo de cristãos iraquianos expatriados para os Estados Unidos lançou uma petição on-line para indicar o Aiatolá para o Prêmio Nobel da Paz.
A motivação se deu pelo fato de al Sistani ter dado aos muçulmanos um bom exemplo. O guia espiritual pediu que caminhos pacíficos fossem seguidos para a resolução dos complexos desafios sociais e políticos. Aiatolá condenou também o terrorismo.
Defesa das minorias religiosas
Após a intervenção militar liderada pelos Estados Unidos que derrubou o regime baathista em 2003, Aiatolá Al-Sistani chamou todos os muçulmanos xiitas a proteger e não maltratar membros de comunidades religiosas minoritárias. O apelo incluía os cristãos.
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Proximidade com os católicos
Em 2005, após a morte de João Paulo II, o Aiatolá Al Sistani enviou um telegrama ao então Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, e ao então Núncio Apostólico no Iraque, arcebispo Fernando Filoni. O guia espiritual expressou suas condolências “a todos os católicos” pela morte do Papa. Aiatolá lembrou que “ele transmitiu a mensagem de paz e promoveu o diálogo inter-religioso. Ele foi um Papa muito respeitoso de todas as religiões”.
Programação do Papa no Iraque
Estão previstos quatro discursos, duas homilias, a oração do Angelus e um momento de oração no programa do Visita Apostólica do Papa.
O encontro entre o Bispo de Roma e o Grão Aiatolá de Najaf poderá marcar o ápice da longa troca de sinais de proximidade e simpatia entre os cristãos e al Sistani nas últimas décadas.