Antes de rezar o Angelus, Francisco refletiu sobre o Evangelho do 31º Domingo do Tempo Comum e alertou quanto à tentação da “duplicidade do coração”
Da Redação, com Vatican News
Antes de rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro neste domingo, 5, o Papa Francisco apresentou uma breve reflexão sobre o Evangelho. Enquanto no Brasil se comemora a Solenidade de Todos os Santos, transferida da quarta-feira, 1º, na Itália e em outros lugares do mundo é celebrado o 31º Domingo do Tempo Comum, que apresenta uma outra passagem da Sagrada Escritura.
No Evangelho, Jesus ensina o povo a escutar os escribas e fariseus e a obedecer-lhes, mas não agir como eles agem. Nesta perspectiva, o Pontífice diz que, “em relação a estas autoridades, Jesus usa palavras muito severas, ‘porque dizem e não fazem’ e ‘fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros’”. Assim, o Santo Padre propõe dois aspectos: a distância entre o dizer e o fazer, e a primazia do exterior sobre o interior.
“Eles dizem e não fazem”
Em relação ao primeiro ponto, Jesus contesta a duplicidade da vida dos escribas e fariseus. “Pregam uma coisa, mas depois vivem outra”, sintetiza Francisco, indicando ainda que “nós também corremos esse perigo. Esta duplicidade do coração põe em risco a autenticidade do nosso testemunho e também a nossa credibilidade como pessoas e como cristãos”.
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O Papa ressalta que, devido à fragilidade humana, até se espera que haja uma certa distância entre o dizer e o fazer. Contudo, ele denuncia que ter um “coração duplo”, vivendo com “um pé em dois sapatos”, é outra coisa, especialmente “quando somos chamados, na vida, na sociedade ou na Igreja, a desempenhar um papel de responsabilidade”.
“Para um sacerdote, um agente pastoral, um político, um professor ou um pai, esta regra vale sempre: o que você diz, o que você prega aos outros, seja você primeiro a vivê-lo. Para sermos mestres críveis, devemos primeiro ser testemunhas críveis”, manifestou o Pontífice.
“Não à duplicidade do coração”
O segundo aspecto apontado pelo Santo Padre deriva do primeiro, pois, “na verdade, vivendo na duplicidade, os escribas e fariseus estão preocupados em ter que esconder a sua incoerência para salvar a sua reputação externa”. Entretanto, se as pessoas soubessem o que realmente estava nos seus corações, eles ficariam envergonhados e perderiam toda a sua credibilidade, aponta Francisco.
Por isso, os escribas e fariseus faziam obras para parecerem justos: “para salvar a face”, expressa o Papa, recordando o ato de se maquiar. “Maquiam o rosto, maquiam a vida, maquiam o coração. Essas pessoas ‘maquiadas’ não sabem como viver a verdade. E, muitas vezes, nós também temos essa tentação da duplicidade”, denuncia.
Convite à reflexão
Ao fim de sua fala antes do Angelus, o Pontífice propôs algumas perguntas para os fiéis refletirem quanto ao tema, questionando se “procuramos praticar o que pregamos ou vivemos na duplicidade”, se “dizemos uma coisa e fazemos outra” e se “estamos preocupados apenas em nos mostrar impecáveis por fora, maquiados, ou cuidamos da nossa vida interior, com a sinceridade do coração”.
Concluindo, ele confiou todos a Nossa Senhora, “que viveu com integridade e humildade de coração segundo a vontade de Deus”, para que “nos ajude a ser testemunhas credíveis do Evangelho”.