No Vaticano, Francisco recebeu os membros da Cooperativa Unicoop de Florença e da Fundação “O coração se dissolve” – ambas comprometidas em ajudar as pessoas socialmente frágeis
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 5, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os membros da Cooperativa Unicoop de Florença e da Fundação “Il cuore si scioglie” (O coração se dissolve). Na ocasião, o Pontífice manifestou satisfação pelo encontro na vigília da Solenidade da Epifania:
“Como todo o Tempo do Natal, nos convida a celebrar o mistério da Encarnação do Senhor: no Menino Jesus vemos como Deus se tornou próximo de nós em nossa pobreza, indicando-a como o caminho privilegiado para encontrá-lo”, disse.
Aos presentes, o Santo Padre afirmou que esse contexto espiritual também é significativo para o compromisso da cooperativa, que há 50 anos, nesta condição, e há mais de dez, como fundação, se dirige às pessoas mais necessitadas, em várias áreas de serviço: da carência econômica à necessidade de cultura, da solidão à necessidade de educação, usando, além dos meios usuais de ajuda financeira e alimentar, muitas outras ferramentas, como caminhadas, literatura, arte e música. “Obrigado por isso”, afirmou o Papa.
Coração é uma fonte de conhecimento
A Unicoop de Florença nasceu para salvaguardar os interesses dos consumidores, sua saúde e segurança, também aumentando e melhorando sua informação e educação, indicou o Papa. Para isso, em 2010, surgiu a Fundação “O coração se dissolve”, destinada a incentivar as pessoas a fazerem algo pelos outros. “Poderíamos dizer, usando uma expressão bíblica, para incentivar a formação de ‘corações de carne’ em vez de ‘corações de pedra'”, afirmou Francisco, acrescentando:
“Esta é uma coisa muito bonita: o coração é uma fonte de conhecimento. Alguém me dirá: ‘Mas, não, padre, nós conhecemos com a mente, com o intelecto’. Isso, por si só, é um conhecimento incompleto. Sem o coração, não há conhecimento humano. Para conhecer, devemos conhecer com a mente, com o coração e depois fazer com as mãos. Não se esqueçam das três linguagens: que a mente esteja unida ao coração e às mãos; que o coração esteja unido às mãos, para fazer, e à mente; e que as mãos estejam a serviço do coração e da mente. Não se esqueçam disso em suas ações”.
Caridade e amor ativo
Na sequência, o Pontífice refletiu sobre o valor desse caminho. Ao considerar, desde o início, a tutela do consumidor acima de seu mero aspecto comercial, Francisco afirmou que a cooperativa e fundação conseguiram compreender uma dimensão humana fundamental: a de ajudar cada um a fazer algo pelos outros, ou seja, a viver a caridade, o amor ativo.
“Desse modo, lembrem-se de que salvaguardar o bem da pessoa significa não apenas cuidar de alguns de seus interesses setoriais, mas promover sua plena realização e dignidade. E, nesse nível, o encontro entre aqueles que têm maiores possibilidades e aqueles que estão na pobreza, longe de se reduzir a mera filantropia, é sempre uma oportunidade providencial de enriquecimento recíproco”, sublinhou Francisco.
O Santo Padre encorajou o grupos e os demais católicos a estarem próximos das pessoas ajudadas. “Eu, quando, nas confissões, às vezes pergunto às pessoas: ‘Mas, você dá esmola, você ajuda?’ – ‘Sim, sim’ – ‘E me diga, quando você dá esmola, você olha nos olhos da pessoa, toca na mão, ou joga o dinheiro ali e vai embora?’. Tocar, tocar a pobreza, um coração que toca; olhar e entender. Não se esqueçam disso”, pediu.
Por fim, o Pontífice agradeceu os presentes pelo que fazem na Itália e no exterior; em particular, neste momento dramático, em apoio à martirizada Ucrânia. “É terrível o que está acontecendo lá! Obrigado por sua colaboração com o Dicastério para o Serviço da Caridade, cujas atividades vocês apoiam há muito tempo”, destacou. Ele pediu também que os membros da cooperativa e fundação continuem visando, em seu trabalho, o desenvolvimento integral da pessoa, o crescimento comunitário na partilha de recursos e competências e a inclusão de cada pessoa para o bem de todos.