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Papa pede comunicação desinflamada, que promova paz e compreensão

Em audiência com jornalistas católicos alemães, Francisco incentivou também que seja mais propagada a carta por ele escrita em 2019 à Igreja na Alemanha

Da redação, com Vatican News

Papa e os jornalistas alemães /Foto: IPAABACA via Reuters

Por ocasião de seu 75° aniversário, uma delegação da Sociedade dos Publicistas Católicos da Alemanha (“Gesellschaft Katholischer Publizisten Deutschlands”) foi recebida na manhã desta quinta-feira, 4, pelo Papa Francisco.

Em seu discurso, o Pontífice recordou que a comunicação ajuda a ser «membros uns dos outros» (Ef 4,25). “Chamados a viver em comunhão em uma rede de relações em contínua expansão”, o que é essencial na Igreja, “onde a ligação com a universalidade se desenvolve e se harmoniza em modo particular pelo ministério do sucessor de Pedro”.

A entidade reúne profissionais católicos da comunicação provenientes de vários setores, quer eclesiais como civis, e trabalha em favor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso, da defesa da paz, da liberdade e da dignidade humana. Objetivos estes que o Papa frisou como “mais do que atuais”.

“Quantos conflitos hoje, em vez de serem extintos pelo diálogo, são alimentados por notícias falsas ou declarações inflamadas que passam pela mídia! Por isso, é ainda mais importante que vocês, fortalecidos pelas raízes cristãs e pela fé vivida cotidianamente, “desmilitarizados” no coração pelo Evangelho, apoiem o desarmamento da linguagem.”

Promover tons de paz e compreensão

O Santo Padre observa que na sociedade há uma necessidade urgente de “promover tons de paz e compreensão, construir pontes, estar disponíveis à escuta, exercer uma comunicação respeitosa para com os outros e as suas razões”, e que também a Igreja necessita de uma comunicação gentil e ao mesmo tempo profética.

Francisco então fez votos de que o conteúdo da carta por ele escrita em 2019, sobre o caminho sinodal empreendido pela Igreja na Alemanha, seja mais conhecido, meditado e implementado. Segundo ele, o texto expressa dois aspectos que considera fundamental para não se perder: a dimensão espiritual e a dimensão universal.

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“Em primeiro lugar, cuidar da dimensão espiritual, isto é, a adaptação concreta e constante ao Evangelho e não aos modelos do mundo, redescobrindo a conversão pessoal e comunitária por meio dos Sacramentos e da oração, a docilidade ao Espírito Santo e não ao espírito do tempo. E depois a dimensão universal, católica, para não conceber a vida de fé como algo que diz respeito apenas ao próprio contexto cultural e nacional”, observou.

O Santo Padre comentou que os comunicadores católicos têm um papel precioso a desempenhar em tais situações: fornecendo informações corretas, podem ajudar a esclarecer mal-entendidos e, sobretudo, evitar que esses surjam, ajudando a compreensão mútua e não as contraposições.

Igreja é missão

O Pontífice alerta, como já o fez em outras ocasiões, que uma Igreja que se ocupa principalmente de si mesma, “adoece de autorreferencialidade”, por isso, deve “sair” para levar a mensagem cristã a todos os contextos da vida:

“A Igreja é missão, e os comunicadores católicos não podem deixar de envolver-se e permanecer, por assim dizer, “neutros” em relação à mensagem que transmitem. Gosto de lembrar, a este respeito, que  a neutralidade dos mass-media é só aparente: só pode constituir um ponto de referimento quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo”. 

Não obstante seja um país próspero e desenvolvido, na Alemanha também existem dificuldades, recordou o Papa. Segundo ele, são elas: o fenômeno da pobreza infantil, as famílias que não sabem como pagar as contas e a situação de muitos migrantes e refugiados, acolhidos em grande número. “Ali o Deus do amor espera a boa notícia da nossa caridade. Espera os cristãos que saem e vão ao encontro das pessoas marginalizadas. E por isso também são necessários comunicadores que destaquem as histórias e os rostos daqueles a quem poucos ou ninguém presta atenção”.

Francisco pediu então aos profissionais que pensem sempre nos rostos das pessoas, especialmente dos pobres e simples, e partam deles, da sua realidade, dos seus dramas e das suas esperanças na hora de comunicar, mesmo que isso signifique ir contra a corrente e desgastar as solas dos sapatos. 

Ao concluir, o Santo Padre agradeceu pela presença e pelo trabalho dos comunicadores, pedindo que não esquecessem de rezar por ele.

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